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15/07/07

Que fazer com Ricardo Quaresma e Lucho Gonzalez?

Pinto da Costa já afirmou que Quaresma não sai esta época e eu acredito que ele está a ser sincero. Pelo menos enquanto as ofertas rondarem os valores actuais, mas se aparecer alguém a oferecer ao clube uma quantia à volta dos trinta milhões e ao jogador um contrato cinco a dez vezes superior ao actual como aconteceu com Pepe e Anderson, o discurso continuará a ter validade? Pinto da Costa poderá continuar a dizer que não? E Quaresma vai continuar a escrever cartas a pedir a sua continuidade nos bi-campeões nacionais?
E o que deve e pode o FC Porto fazer com Lucho? Comprar os outros 50% do passe que não pertencem ao clube ou vender para que o erro McCarthy não se venha a repetir? Muitas perguntas, poucas respostas...


Raposas e chacais
JORGE MAIA

Conta-se que certo dia, andando uma raposa à toa e faminta, passou por baixo de uma videira carregada de uvas maduras e sumarentas. Sobressaltada pelo forte ronco que lhe chegou do estômago, pensou de imediato que bem lhe saberiam naquele instante para acalmar a fome. Ainda se esticou toda, focinho espetado no ar, e até se pôs em bicos de pés, o que para uma raposa não é fácil, mas nada. As uvas estavam demasiado altas para lhes poder chegar. Sem se deixar derrotar e porque era uma raposa e as raposas são bichos orgulhosos, voltou às costas à vinha com desdém e exclamou em voz alta que as uvas não prestavam, estavam verdes. E foi-se embora.

Ontem, o diário espanhol "AS", que na véspera deu conta do interesse do Real Madrid em Ricardo Quaresma acrescentando uma página de elogios fáceis à notícia, amanheceu do avesso. Afinal, diz o jornal, Quaresma não é tão bom como o tinha pintado na véspera. Tem problemas de indisciplina dentro e fora dos relvados, frequenta serões de flamengo - é cigano e não consegue resistir, explicam -, cede sob pressão, o que terá acontecido em Barcelona, por exemplo e, ainda por cima vê demasiados cartões. É um risco, garantem, e Schuster, actual treinador dos merengues e ele próprio um exemplo de bom comportamento dentro e fora dos relvados nos seus tempos como jogador, não estará na disposição de arriscar. Por outras palavras, Quaresma afinal não presta, está verde, asseguram de nariz bem empinado no ar. Mas, na verdade, todos sabemos que não é bem assim. Não é Quaresma que está verde, os espanhóis é que lhe não chegam.

Vender Lucho? Ou comprar?

O dilema não é só desportivo-financeiro. É ainda de posição perante o mercado, uma vez que contratos como o de Lucho podem sempre ser alvo de especulação sobre o detentor de parte do passe. E a especulação até pode ser alimentada por um emblema rival
MANUEL TAVARES

As movimentações em torno de Lucho são um bom exemplo de quanto evoluíram os paradigmas da contratação e a própria lei da oferta e da procura. Este é o caso típico em que pode haver quem fique cego de "raiva" portista, sem razão.

O contrato de Lucho prevê que acima de certo montante (creio que 12 milhões de euros) toda e qualquer proposta de compra tenha uma de duas respostas possíveis da parte da FC Porto, Futebol SAD: comprar ou vender na proporção dos 50 por cento que detém nos direitos desportivos, vulgo passe, em partilha com um fundo de investimento, se bem me recordo o MSI.

Por isso, no caso que mais tem sido badalado, a confirmar-se o interesse do Valência em adquirir Lucho pelos tais 20 milhões de euros, a administração da sociedade portista teria de fazer uma de duas coisas: pagar ao fundo quatro milhões de euros ou aceitar vender o futebolista.

Para os mais furiosos defensores do património desportivo da época passada, a questão parecerá de muito fácil resolução: compre-se, é claro. "Então para que servem os 69 milhões das vendas já realizadas neste defeso?", argumentarão aqueles cujo imaginário de felicidade passa por ver o seu FC Porto campeão, e até campeão europeu, todos os anos. "Impossível", gritarão os mais sensíveis aos problemas do passivo acumulado, alguns dos quais terão até teoria formulada sobre as novas etapas da globalização e o modo como uma marca portuguesa de sucesso tem de se reposicionar a partir do saneamento financeiro.

Quaisquer que sejam as razões de uns e outros, no caso de Lucho há que avaliar numa outra perspectiva este dilema da compra ou venda: na verdade perante a natureza deste tipo de contratos em parceria com fundos, podem acontecer movimentos especulativos. Ou seja: mais do que o interesse no futebolista, que pode ser real, pode haver quem esteja interessado em fazer com que o detentor do seu passe gaste dinheiro à tripa-forra para o manter à força.

Pior é que essa possibilidade de especulação não está circunscrita aos directamente envolvidos no negócio e nunca se pode excluir a participação de emblemas rivais nesse leilão artificial. Para enfraquecer as finanças alheias ou para dar uma mão ao fundo. E os fundos, como se sabe, até participam no capital de sociedades desportivas por esse mundo fora.

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