Será que todos os jogadores do Real Madrid interessavam ao FC Porto? E os do Manchester United? E os do Barcelona? Faço estas perguntas porque anda por aí um portista que perde o norte quando escreve para o sul, a dizer que o FC Porto tem jogadores que não recebem propostas de outros clubes e por isso não têm valor para representar o clube. Mas será mesmo assim?
Não é por um jogador não ter propostas esta época que não as pode ter na época seguinte. O Ernesto Farías por exemplo. É um dos melhores atacantes do futebol português e se não tem jogado tanto como merecia é porque o FC Porto tem um plantel valioso e só podem jogar onze de cada vez. Mas isso não faz dele um mau jogador, antes pelo contrário, porque os golos que marca estão à vista de todos. Ou se quiserem, estão à vista de quem os quer ver e aplaudir.
É um pouco como a obra de Pinto da Costa. Está à vista de todos mas nem todos a querem ver. E muitos preferem bater na tecla dos defeitos mesmo sabendo que são minimos para quem já leva quase três décadas de Presidência do FC Porto.
Já a obra de Jesualdo Ferreira é diferente porque, depois de tanto o criticarem injustamente, agora gostam de o valorizar mais do que ele merece.
Não são apenas os três campeonatos consecutivos, as três fases de eliminatórias da Champions e uma Taça de Portugal que ele acumulou em três anos. É a capacidade notável que ele tem demonstrado de transformar jogadores que pareciam sem grande margem de progressão em estrelas cobiçadas pelos tubarões. Bruno Alves e Lisandro López são os casos mais notáveis. Mas também o são Cissokho, Fernando, Raul Meireles. Pois. Apenas falta dizer que Jesualdo Ferreira tem um conjunto de profissionais que lhe dão as tais estrelas de mão beijada. Como percebem muito de futebol e não têm medo de arriscar, vão contratar ao Belenenses, ao Setúbal, ao Boavista, ao Brasil, à Argentina e mesmo a clubes da segunda divisão do Japão.
Quanto à venda do Cissokho. Talvez tenha sido a melhor de sempre e quando pensamos que a opção da Sad não tem discussão, aparece um portista daqueles que perdem o norte quando escrevem para o sul a dizer que o negócio é, sem dúvida, das arábias: custou 300.000 euros, sai por 15 milhões. E tudo seria inatacável, se não subsistisse uma dúvida sobre quanto é que o FC Porto detinha do seu passe.
Comunicado da Sad do FC Porto:
A FC Porto – Futebol, SAD detém 90 por cento dos direitos desportivos de Cissokho, que estão a ser negociados com o AC Milan. Tudo o que possa dizer-se a mais ou a menos é mentira. Assim sendo, Rui Santos mentiu no Tempo Extra deste domingo, quando disse que apenas 60 por cento do passe do defesa francês pertencem à sociedade azul e branca.
Qual é a dúvida afinal?
Para depois atacar ao dizer que não se percebe também é a razão pela qual, a um preço tão barato, o FC Porto não gastou logo mais 200.000 euros para ficar com a totalidade do passe. Hoje, o lucro da revenda seria todo seu, sem ter de dividir não se sabe quanto com mais alguém.
Parece que Cissokho foi oferecido ao Benfica mas os lamps não quiseram comprar o passe. Pelo contrário, a Sad do FC Porto acreditou no seu valor e gastou 300.000 euros. Mas acreditar que ele pode ser útil é uma coisa, ter a certeza que podia evoluir ao ponto de se tornar um dos jogadores mais cobiçados neste defeso é outra.
Sendo assim, não me parece que fosse boa ideia comprar a totalidade do passe antes de o ver jogar de azul e branco. Depois sim, seria um investimento seguro e de certeza que foi isso que o FC Porto tentou fazer. Tendo apenas conseguido convencer o empresário António Araújo a vender 30% dos 40% que detinha. Já foi muito bom porque, por muitos defeitos que tenha, António Araújo não é parvo e nessa altura já sabia que Cissokho valia muito mais do que o FC Porto estava a oferecer.
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