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09/05/06

O cubismo de Simão

O mercado de Simão fica mais perto de Arroios ou Algés do que propriamente dos grandes palcos internacionais.

Num leilão organizado pela Sotheby’s em Nova Iorque, um anónimo comprou em sala, por 95,2 milhões de dólares (cerca de 76 milhões de euros), uma das mais famosas obras de arte de Pablo Picasso – o ‘Retrato de Dora Maar com Gato’, na qual sobressaem as linhas cubistas do autor, que pinta, com cores impactantes, uma das suas amantes e musa inspiradora.

Com aquele dinheiro, mais milhão menos milhão, o anónimo coleccionador de arte estava em condições de comprar o passe de Eto’o e tinha de pôr mais algum para levar essa autêntica obra de arte, também cubista, que se chama Ronaldinho Gaúcho.

Vem isto a propósito de Simão e de uma novela que está muito próxima de conhecer o seu epílogo. É uma espécie de ‘Escrava Isaura’ deste milénio com contornos muito pouco claros, com promessas atrás de promessas, e construção de cenários pouco ou nada verosímeis, alimentadas por uma Comunicação Social desportiva que, para além de não se importar de ser enganada, enganando com isso o seu público, participa activa e conscientemente no engano.

Atente-se: Simão já foi dado como certo no Liverpool, no Chelsea, no Manchester United e esta semana publicou-se que a Fiorentina (já vamos na Fiorentina, valha-nos Deus!) não tinha dinheiro para o pagar.

Neste autêntico leilão, não patrocinado nem pela Sotheby’s nem pela Christie’s, Simão tinha um preço base de 20 milhões de euros (recordam-se?) e em Agosto do ano passado o Liverpool fez chegar ao Benfica uma proposta de onze milhões pagos a pronto, ao que Luís Filipe Vieira contrapôs com 15 milhões a pagar em três anos. Simão chegou a estar vendido ao Liverpool por 15 milhões ‘cash’ (a melhor proposta feita por Rick Parry, director executivo do clube de Anfield Road), mas questões internas na Luz inviabilizaram o negócio, obrigando o presidente dos ‘encarnados’ a recuar.

Os ‘reds’ nunca mais se disponibilizaram a pagar (nem por sombras) aquilo que chegaram a acertar com o presidente do Benfica, nem mesmo depois daquele golo espectacular que Simão marcou em Anfield.

Quando reabriu o mercado (Dezembro/Janeiro), o Benfica precaveu-se para a hipotética saída de Simão e foi às compras. Começou aí a desintegração do plantel benfiquista e o desconchavo do seu desempenho na Liga. Simão pretendia sair, tinha essa promessa do seu presidente, mas a verdade é que o mercado não reagiu. Como sempre, com a ajuda de certa Comunicação Social (a do costume, a mesma que coloca Lampard na ajuda à licitação...), eram mais as vozes do que as nozes. O Chelsea tem um dos seus ‘centros de operações’ em Israel e foi para lá que Filipe Vieira se deslocou na esperança de conseguir fazer provar a Simão que a transferência nunca estaria em perigo. Era uma questão de tempo. Os jornais deram, então, como consumada a ida de Simão para Stamford Bridge. Muitos acreditaram nas influências que Pini Zahavi, Jorge Mendes, José Mourinho poderiam mover para se concretizar aquilo que passava a ser uma ‘operação financeira’ antes de ser uma ‘operação desportiva’.

Sinceramente, duvidei sempre muito que José Mourinho precisasse de dar cobertura a um negócio destes, quando pode escolher (não tenhamos medo das palavras) bastante melhor. Surge então o desmentido de Peter Kenyon, homem-forte do Chelsea, a negar peremptoriamente qualquer interesse por Simão. Os jornais portugueses (falamos dos desportivos e entre estes os de sempre), completamente à nora, falam então do interesse da Fiorentina e do grande mercado que Simão tem na Europa. Mas a realidade é outra: o mercado de Simão fica mais perto de Arroios ou Algés do que propriamente dos grandes palcos internacionais. E não é que ‘A Bola’ esta semana já vem pôr a hipótese de ser Simão a grande alegria que, entretanto, Filipe Vieira prometeu aos benfiquistas?

Porca miséria!

Nota – Freitas do Amaral está tão cansado de ser ministro dos Negócios Estrangeiros como Koeman está de ser... (ex)treinador do Benfica.

Nota 1 – A ‘dinastia dos Filipes’ promete dar mais força a Pinto da Costa.
Rui Santos, Comentador

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