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24/12/07

Se eles o dizem...

Não há outro clube que dê visibilidade igual a um jogador como o Flamengo. O mundo inteiro está vendo
Ibson

A única coisa que posso prometer muito trabalho. É assim. Sempre sério e com afinco no dia à dia, para estar preparado a responder bem em termos de finalizações. É esse sempre o meu objectivo. Comecei com uma lesão o que não ajuda. Depois o Lisandro está bem e ainda bem, pois ajuda o F.C. Porto e aqui o fundamental é o colectivo. Vou aguardar uma oportunidade
Adriano

Vamos agora descansar, restabelecer as energias pois esta fase foi muito desgastante, de forma a podermos voltar em força em Janeiro
Pedro Emanuel

3 comentários:

O Situacionista disse...

Na pessoa do Álvaro desejo a toda a malta do grande "Portogal" um Santo Natal !

Anónimo disse...

Claques de futebol

Nos Super Dragões cabem os polícias e os ladrões

23.12.2007 - 09h46 Ana Cristina Pereira

César só tem 14 anos, mas não hesita um milésimo de segundo: "Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa". Não percebeu? Não haja cá confusões entre a maior claque do FC Porto, que ele integra, e os homens detidos no âmbito da operação Noite Branca, mesmo que a maior parte deles tenha algum tipo de laço com os Super Dragões.

O que o coração de César lhe grita não será uma evidência para qualquer mortal, a avaliar pelo que tem sido dito (ou escrito) por vários comentadores (ou colunistas). Mas é-o para Daniel Seabra - o antropólogo que fez um mestrado sobre os Super Dragões e está a ultimar o doutoramento sobre claques.

Impossível renegar os suspeitos de envolvimento nos homicídios "da noite do Porto", que estarão associados a tráfico de droga, contrabando de tabaco, fraude fiscal e contrafacção. Alguns frequentam os Super Dragões desde miúdos - embora sem regularidade nos últimos tempos. Na Ribeira, como enfatiza a canção de hip-hop Macaco Líder, "já se nasce dragão".

Lembra-se de 2 de Abril de 1995? Tijolos a voar, uma rapariga loura a provocar os adeptos do Guimarães? Pois essa é a mãe de Miguel Palavrinhas, o rapaz que andará a monte. Fernando Madureira, o líder da claque, viu crescer Miguel Palavrinhas, cresceu com Bruno "Pidá", Paulinho "Quinze Dias" e muitos outros que como ele, no início da década de 90, já não podiam entrar nas discotecas e viram "na claque uma solução para ocupar o tempo". Na sua autobiografia, agradece ao "núcleo duro", que fica "sempre" na sua "retaguarda". A começar por "Pidá".

Tirando os Super Dragões, o que é que César tem a ver com "Pidá"? "Nada. Nem sequer o conheço", retorque o miúdo. Nada ele, nada o amigo dele que trabalha numa fábrica, faz voluntariado numa associação juvenil e teme dar o nome - não vá alguém confundi-lo e rotulá-lo.

É por causa disto que Madureira tem um recado para colunistas como Pacheco Pereira: "Somos uma micro-sociedade. Tudo o que existe na sociedade existe nos Super Dragões". Polícias, ladrões, traficantes, toxicodependentes, seguranças, empresários da noite, estudantes, professores... "Não há filtro." O único requisito, ali, é ser ultra-adepto do FC Porto.

Os dados preliminares da tese de Daniel Seabra desfazem a ideia do adepto extraterrestre. Os dragões são quase todos rapazes (83,2 por cento), solteiros (75,6), que esperam um dia casar pelo civil (11,1) ou pela Igreja (52,5) e ter filhos (93,1). Com uma idade média de 25 anos, perto de metade identifica-se como estudante (22,9 do ensino superior) e 21,4 como empregado em rotinas não manuais de categoria inferior. Seguranças haverá uns 40 num universo de 1200 a 1500. O desemprego atinge 5,3 por cento.

Terá sido sempre assim? Há muito que Luís Américo, o primeiro presidente dos Super Dragões, não era incitado a pronunciar-se sobre a claque. Saiu há mais de dez anos. Na hora de iniciar vida profissional, o premiado chefe de cozinha fugiu dela como quem fosse de um psicotrópico. Não esquece, porém, que parte da "beleza" daquilo residia no seu carácter heterogéneo. Ali dentro cabiam "mendigos e filhos de presidentes das melhores empresas do Norte".

Depois da tempestade...

De onde vem esta identidade que tanto inquieta o operário? Após a época 1991-92, desataram a entrar na claque os "gaiatos" da Ribeira e eles "partiam tudo". Em 1995, o auge da confusão, "alguns batiam e roubavam o que lhes aparecia à frente". "Éramos muito jovens", desvaloriza Sandra Madureira, vincando o papel pacificador do marido. "Meia dúzia de nabos a comer meia dúzia de sandes e a sair sem pagar! Não sei o que é mais crime, se é isso ou os preços que praticam nas estações de serviço". Mas o que aconteceu na década de 90 já não era possível hoje, acredita Rui Teixeira, líder que antecedeu Fernando Madureira. Desde o final da década de 1990, a polícia tenta "tomar conta" do fenómeno, infiltrando até elementos na claque. Agora, esta claque, como as outras, "está muito controlada". Já raramente lhe é permitido parar nas áreas de serviço com comércio.

Seabra distingue os comportamentos delinquentes que "emergem" do grupo (como pequenos furtos, até para adquirir algum estatuto: "Se não roubas nada, és um nabo") dos que constituem uma "reprodução" do quotidiano de alguns membros ("aproveitam estar num grupo grande, o que lhes confere algum anonimato ou ilusão de anonimato" para cometer crimes como roubar ou vender droga). E parece-lhe mais interessante reflectir sobre as condições prevalecentes nalgumas zonas urbanas do que "lançar sobre a claque um estigma, que a inabilita para uma aceitação social plena".

Parte significativa dos membros da claque provém de contextos sociais desfavorecidos. Nesses contextos grassa um "elevado grau de tolerância à violência". E há uma "dimensão de territorialidade muito forte" - uma identificação profunda com um lugar, amiúde por oposição a outro lugar. Nem sempre a família é estruturada. Muitas crescem na rua, com os amigos. A escola diz-lhes pouco - 74 por cento reprovou pelo menos uma vez.

Diversos estudos mostram que se cristalizaram as relações entre os bairros e as prisões. O FC Porto, a claque, é só um ponto onde se cruzam. Mas dentro da claque também há "situações de privação objectiva". Quantas vezes Pedro, um motorista de 32 anos, já gastou o seu último dinheiro para ver o seu FC Porto? Vale que, na claque, outros valores se levantam - como a partilha, a amizade. Na final de Gelsenkirchen, em 2004, quando o FC Porto conquistou a Liga dos Campeões, viajou com "20 euros e dez bilhetes para vender a emigrantes" e conseguiu passar uma semana na Holanda.

Miséria à parte, "claque, neste momento, em Portugal, é uma palavra vómito", lamenta o investigador, que também é adepto. E isso, como repara Rui Teixeira, pode ter um efeito perverso. Pode afastar quem só quer apoiar o clube e atrair quem vê ali um meio favorável à reprodução do comportamento desviante que embala o seu quotidiano.

in PUBLICO

Offline

bLuE bOy disse...

Para todo os do 'Portogal', e em particular para o Álvaro, um SANTO e FELIZ NATAL.

aKeLe aBrAçO,

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