
'Claques não são bando de criminosos'
As claques não são um bando de criminosos. Segundo os estudos que fiz nos SuperDragões, Coletivo 95, Panteras Negras e Alma Salgueirista, 27% dos elementos são universitários. Há a prevalência de indivíduos de classes sociais trabalhadoras, mas também há outros da classe média/alta. As claques são como uma sociedade alternativa para se poderem divertir e onde há violência, fruto de problemas familiares e sociais.
Há actividades ilícitas?
Não vi actividades ilícitas, mas tenho a percepção de que podem ser praticadas em outros contextos. É difícil haver tráfico de droga numa claque, que é muito policiada. Mas a partir da claque podem-se construir redes sociais para actividades ilícitas.
As claques portuguesas estão ligadas à Extrema-Direita?
Não tenho dúvidas que haja elementos de Extrema-Direita, mas essa percentagem é residual. As claques do F. C. Porto, por exemplo, são de esquerda. Nutrem grande simpatia pelo Bloco de Esquerda, maior até do que a percentagem do partido no país. Mas a maioria manifesta desinteresse pela política.
Que motivação vê nas claques?
A paixão pelo clube. Gostam de ser ultra, um movimento que nasceu em Itália, em 1968, dentro de um contexto político transferido para o futebol. A dimensão política diluiu-se, mas ser ultra é acompanhar o clube para todo o lado, procurar um mundo de emoções que não existe no quotidiano e projectar no clube as ambições pessoais. Sentem que têm uma parte de responsabilidade nas vitórias do clube. Só uma minoria entra nas claques para roubar.
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