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21/07/13

Este também é Bruno mas não é burro

Pela forma como as coisas estavam a correr e, no momento decisivo da época, Vieira decidiu ir para o Brasil durante uma semana, falhou ao jogo com o Estoril e, no Estádio do Dragão, decidiu ficar no balneário do Benfica. Deu um péssimo exemplo de liderança.

Dizem que o ativo cresceu e isso é uma história fascinante, mas para quem não está ciente do mundo financeiro. Como sabe, eu trabalhei muitos anos na banca de investimentos e isso dá-me vontade de rir. A questão é simples: o passivo tem que ser pago até ao último centavo, todo o passivo é para pagar. Mas, a maioria do ativo não se pode vender. Vamos vender o estádio? Vamos vender a equipa? E jogamos onde? e com que jogadores? É por isso que, nas empresas, o ativo tem que ser muito maior que o passivo, tal como num clube. Ora, neste caso, o ativo é menor que o passivo. Por isso é que o Benfica está em situação de falência técnica, e esta designação não sou eu que a estou a dizer, é a realidade.

Atualmente as coisas no Benfica correm francamente mal, o passivo é brutal, assustador e crescente, temos o clube e a SAD em falência técnica e há uma crise de resultados. O passivo de Vale e Azevedo, quando saiu, era de 80 milhões de euros e, atualmente, ultrapassa os 500 milhões. O Benfica está a caminhar para uma situação completamente inexplicável e com uns estatutos que pretendem perpetuar quem lá está.

Estamos a aumentar o passivo à razão de 30 a 40 milhões por ano, o que é impossível nos dias de hoje, sobretudo devido à crise que temos à nossa volta. Temos que colocar um travão neste aumento contínuo do passivo.

A grande diferença entre o FC Porto e o Benfica passa pela estrutura. Eu ouço muita gente dizer que no FC Porto não interessa quem é o treinador, porque o clube ganha sempre, o que é relativamente verdadeiro, porque o FC Porto tem uma estrutura a sério, onde o treinador chega e se encaixa. O Benfica não tem estrutura nenhuma e, neste momento, o Jorge Jesus tem um poder absolutamente exagerado e inacreditável na estrutura do Benfica

A maioria dos benfiquistas ainda não se aperceberam de uma situação que me está a provocar muito medo, pelo que estou a assistir: o FC Porto está a fazer aquilo que costuma acontecer quando perde um campeonato, que é uma mudança de treinador, apostar num treinador-promessa e mudar grande parte do plantel. Ora, isto costuma acontecer no rival quando este perde um campeonato, o que não é o caso, já que o FC Porto se está a dar ao luxo de fazer esta mudança, que costuma resultar em conquistas de três ou quatro títulos, sendo tricampeão. Não sei o que acham os meus colegas benfiquistas, mas eu não tolero isto.

Luís Filipe Vieira apenas renovou com Jorge Jesus porque teve medo que ele fosse para o FC Porto. É que, no FC Porto, Jesus ganhava e Vieira sabe disso, portanto renovou para que não se prove a tal falta de estrutura. A prova do medo de Vieira é que ele renova o contrato a Jorge Jesus, depois de este perder três campeonatos, mantendo-lhe o salário e com a agravante de lhe dar um contrato de dois anos.

A vida é feita de se's, mas eu creio que uns ganharam porque foram quem mais procurou ganhar e isso costuma fazer a diferença entre o ganhar e o não ganhar. O minuto a que surge o golo é um pormenor, creio que não é por aí.

Ir buscar cinco, seis ou sete jogadores ao mesmo país, que nem tem qualquer ligação cultural ou linguística com o nosso, significa fraco conhecimento de psicologia. Há um grande perigo de se criarem grupos no plantel. Um destes dias vi com preocupação um pormenor que muitos usaram para chacota: num exercício de treino, um sérvio ficou num grupo diferente e pediu para trocar. Isto não tem piada nenhuma e causa-me apreensão.

Nos últimos 10 anos perdemos oito campeonatos, nos últimos 20 anos perdemos 17, a última vez que fomos tricampeões foi em 1977, coisa que o FC Porto é atualmente. A última vez que ganhámos dois campeonatos seguidos foi em 1984. Onde é que isto é hegemonia? Se calhar é melhor irem ao dicionário descobrir o significado da palavra hegemonia.
Bruno de Carvalho

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