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05/11/06

Fã da Caixa

Enquanto a CGD enche o bolso de Scolari, o dos portugueses está cada vez mais vazio.

A notícia segundo a qual a Caixa Geral de Depósitos comprou os direitos de imagem do seleccionador nacional, Luís Filipe Scolari, que vai receber, à conta desse contrato, válido até 2008, cerca de 18 milhões de euros, é no mínimo perturbante.

Nos últimos dias Scolari voltou a entrar com toda a força na vida dos portugueses. Na televisão, através de enigmáticos ‘spots’ publicitários. Nos jornais, também. Já todos tínhamos alcançado a apetência dos Bancos em potenciar a imagem do seleccionador nacional e, com ela, rentabilizar os respectivos investimentos. Foi o BPN, depois a tentativa do BES e, agora, o enigma revelou-se. Ei-la, a Caixa Fã, da CGD, a tentar seduzir os portugueses com o seu próprio dinheiro.

A matéria pode parecer inócua mas a verdade é que ela levanta questões de natureza política, económica, social e ética, sobretudo num momento em que o Governo reformista de José Sócrates, a pedir imensos sacrifícios à população portuguesa, com aumento de impostos, pagamentos de Scut, agravamento dos custos dos serviços (electricidade e taxas moderadoras, por exemplo), orienta a sua intervenção no sentido da contenção e do suposto sacrifício de todos para poder cumprir as determinações da União Europeia.

A CGD é uma sociedade anónima com um único sócio – o Estado. Possui estatutos aprovados pelo Dec. Lei n.º 287/93, de 20 de Agosto, e está sujeita ao regime geral das instituições de crédito e sociedades financeiras como qualquer outro banco. As acções são detidas pela Direcção-Geral do Tesouro e o Estado exerce os seus direitos de accionista através de um representante indicado pelo Ministério das Finanças. Interessa saber, de facto, se há algum mote conflituante entre os interesses do accionista-Estado e os interesses da sociedade-Caixa – como sociedade unipessoal. Ao abrigo das normas estatutárias, a CGD – como sociedade unipessoal – deve contribuir, através das suas operações, para o desenvolvimento social e económico do País. Quando o Estado exige aos ‘takeholders’ (todos aqueles que podem influenciar ou ser afectados pelas decisões das empresas) este incontornável ‘aperto de cinto’ como é que a CGD se sente na confortável situação de fazer contratos, neste caso com Scolari, na ordem dos 18 milhões de euros? As numerosas famílias portuguesas que pedem empréstimos à Caixa para poderem usufruir de habitação própria não terão legitimidade para questionar o Estado que por sua vez não questiona o respectivo Conselho de Administração daquela instituição bancária? Os portugueses estão à espera de que a CGD faça contratos milionários com Scolari ou aspiram a que a CGD reduza as taxas de juro e os ‘spreads’ que afectam milhões de cidadãos? Então, onde reside a vocação de alcance social proclamada estatutariamente pela Caixa? O interesse do Estado, neste caso, é de natureza política? Porquê?

A situação que envolve as parcerias com o Benfica avaliadas em mais de 30 milhões de contos é um pouco diferente, mas também pode levantar o mesmo tipo de questões. A CGD não é um banco privado nem uma multinacional, habituados a patrocinar figuras públicas, muitas das quais ligadas ao Desporto, ou diversos tipos de eventos. A Caixa, que tem como único sócio o Estado, deveria utilizar os dinheiros públicos em benefício da Comunidade e não de ‘comunidades’ ou de interesses pouco claros. Até que ponto Scolari poderá contribuir para os portugueses verem o valor das suas prestações diminuídas no âmbito do crédito à habitação? Estranho é que seja o Estado e o próprio Governo de Sócrates a patrocinar o seleccionador nacional. Com o dinheiro de todos nós. É que não dá mesmo para entender e chega a ser perverso: o dinheiro é cada vez mais escasso no bolso de quem precisa e aumenta exponencialmente no bolso de quem ‘toma banho’ nele. Assunto para o Ministério das Finanças explicar, não deixando de ser igualmente estranho o silêncio do Parlamento. É natural que Scolari seja fã da Caixa.

NOTA: A CGD esclarece que a ligação a Scolari se enquadra na campanha publicitária Caixa Fã, cuja iniciativa envolve um investimento global de 16 milhões de euros. Quer dizer: ficamos sem saber o valor exacto a receber pelo seleccionador mas a questão de fundo mantém-se. E se se confirmar que a CGD está a ‘suportar parte do salário do treinador’, a coisa ainda fica mais preta.
Correio da Manhã - Rui Santos, Jornalista (ruimmsantos@netcabo.pt)

Caixa Geral de Depósitos financia centro de estágio do Benfica

O Benfica chegou a acordo com a Caixa Geral de Depósitos para o financiamento do Centro de Estágio do Seixal, no âmbito de um acordo que permite à entidade bancária atribuir o nome ao complexo e emitir um cartão de crédito do Benfica.

Este passo é mais uma iniciativa do Benfica no domínio do "naming", à imagem do que aconteceu com as quatro bancadas do novo Estádio da Luz, que receberam o nome de empresas nacionais e estrangeiras.

O presidente do Benfica, Luis Filipe Vieira, congratulou-se com o acordo, que surge no dia em que a equipa profissional de futebol começa a utilizar a nova infra-estrutura e que considera "absolutamente essencial".

"Em parceria com esta grande instituição financeira vamos conseguir financiar o Centro de Estágio, uma infra-estrutura de referência que irá potenciar o trabalho da nossa equipa principal bem como a formação do clube" , disse.

Luis Filipe Vieira sublinhou ainda a abrangência do acordo, que não se limita ao "naming". "Com a Caixa iremos lançar diversas iniciativas como o cartão de crédito das quais os sócios do Benfica serão os principais beneficiários", concluiu.

A denominação do Centro de Estágio será brevemente anunciada por ambas as partes.
Público17.07.2006 - 20h22

2 comentários:

Anónimo disse...

Ao colocares este post,ainda vais ser acusado de racismo(xenof K?) dos lados do douro.
Viva a caixa,Viva Portugal,sr xicolari no pais das maravilhas

Jorge Mota disse...

ISto é uma vergonha. Infelizmente não tenho hipoteses de tirar o dinheiro que tenho da caixa. Mas se um dia o puder fazer não duvidem que o faço.

Andam estes gajos a gastar milhões em fdp, qd poderiam ajudar os que lá têm prestações por exemplo, baixando-lhes o spread. Afinal de contas estamos a falar de uma empresa com total interesse público ou não? Mas infelizmente tb estamos a falar de uma empresa que é tal e qual o espelho dos governantes deste país, Portugal é Lisboa e o resto é paisagem.

Um abraço.
http://portistasdebancada.blogspot.com/

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