Haja justiça

Nunca gostei de ver o Porto jogar um jogo importante depois de uma conquista de um campeonato. Eu sei que nessas alturas a moral é elevada mas muitas vezes o problema é mesmo esse porque um jogo grande merece repouso, concentração e respeito pelo adversário e o champanhe ou a vodka não ajudam muito a que esses critérios sejam respeitados. Esse pode ser um ponto a nosso favor para o jogo de Moscovo. Ou podia se a mentalidade dos russos não fosse muito diferente porque ao contrário de nós, eles são mais frios, calculistas e não foi por acaso que o treinador deles proibiu a festa do título antes do jogo de hoje. No entanto, e sabendo que no futebol nem sempre é o melhor que vence, quando revejo o percurso do CSKA e o do FC Porto nesta Liga dos Campeões fico com a sensação que se houver justiça o vencedor será o FC Porto.

Jesualdo Ferreira:
“O FC Porto veio aqui ganhar há dois anos e qualificou-se com oito pontos, agora tem sete e dois jogos por fazer e ainda não garantimos nada”

José Veiga arguído

E isto ainda é apenas o principio porque existem vários casos conhecidos mas também desconhecidos do grande público que de um momento para o outro podem aparecer nas primeiras páginas dos jornais. Como aliás se esperava. Mas vamos ao que interessa, o crime que deu origem à detenção de José Veiga e à sua posterior saída do Tribunal de Instrução Criminal depois de admitir poder pagar uma caução de 500 mil euros, uma das mais elevadas de sempre no âmbito de processos judiciais a envolver personagens ligadas ao mundo do desporto conforme vem escrito no jornal O Jogo de hoje, porque neste caso existem alguns pontos que devem ser debatidos mas vamos fazer uma breve revisão.

Em 2000, João Pinto rescindiu contrato com o Benfica e um mês depois estava a assinar com o Sporting

Na altura, ambas as partes, João Pinto e Sporting, disseram que a contratação tinha sido feita a custo zero, os jornais e televisões disseram o mesmo e apenas O Jogo noticiou a 11 de Julho de 2000, que a contratação de João Pinto custou perto de 3,5 milhões de euros ao Sporting.

O contrato total (salário e luvas) foi de 10 milhões de euros e não se conhece o paradeiro de 35% desse valor, ou seja, os tais 3,5 milhões de euros.

A Sad do Sporting diz que depositou o dinheiro numa conta off-shore nas Ilhas britânicas

José Veiga diz que não sabe a quem pertence essa conta e acusa os dirigentes leoninos José Roquete, Luís Duque, Ribeiro Teles, Ferreira Lima, Correia Sampaio, Horta e Costa, Rui Meireles, Carlos Freitas de terem ficado com o dinheiro.

Acontece que José Veiga foi detido e segundo o Público, acusado de burla qualificada e infidelidade de negócio podendo ser condenado a uma pena de prisão de 2 a 8 anos

Foi constituído arguído e saíu em liberdade mediante uma caução de 500 mil euros que deverá ser paga nos próximos 15 dias

Então é assim. Ainda é cedo para tirar conclusões mas parece que neste caso existem vários culpados. José Veiga, o maior deles todos já que ficou com o dinheiro mas também os dirigentes do Sporting que desviaram os milhões para a empresa off-shore sem o revelarem às autoridades competentes. Aliás, é engraçado que o senil Dias da Cunha sempre criticou as empresas off-shores e a fuga de capitais e agora sabe-se que afinal o seu clube tinha muitas culpas no cartório. O clube mas também os dirigentes que se dizem muito diferentes e têm razão porque a maioria dos portugueses paga ao fisco ao contrário deles.

Outro ponto. José Veiga vai ter de pagar 500 mil euros e para quem dizia não ter dinheiro para os credores isso é muita massa. Até porque foi por falta de dinheiro que ele ficou sem os móveis, o camarote do Estádio da Luz e as acções do Sporting e FC Porto. Sendo assim, das duas uma: Ou José Veiga não vai pagar e entra dentro, ou então paga e nesse caso ou ele tinha o dinheiro escondido em algum lado ou então vai ter direito a um empréstimo. Da parte de um amigo? De uma empresa? De um clube?