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09/05/09

O Tetra em pequenas histórias: Todos ao ataque e fé em Co Adriaanse

  • O Tetra em pequenas histórias: Arrumar a casa

    Disse, quando apresentei Adriaanse, que a minha escolha recaiu pelos conhecimentos que tinha da sua forma de trabalhar e pela disciplina que impunha dentro e fora do campo. Se sempre dei cobertura a todos os treinadores que passaram pelo FC Porto, sem excepção, e se a minha escolha se baseou nos motivos que agora repeti, é óbvio que ele tem todo o meu apoio em qualquer medida para defender a disciplina do grupo
    Pinto da Costa

    Verdade se diga, o treinador precisou do apoio do Presidente em várias ocasiões.

    Co Adriaanse fez-se conhecer logo na pré-temporada quando não deixou Vítor Baía, Pedro Emanuel, Ricardo Costa e Quaresma fazerem um jogo de beneficência organizado pela Fundação Luís Figo. Jogos amigáveis sim, mas apenas ao serviço do clube porque os jogadores têm de ser profissionais a tempo inteiro.

    Já antes tinha proibido alguns enfeites como brincos, piercings ou anéis. Ricardo Quaresma foi o mais sacrificado mas não foi o único. Uns dias mais tarde, a Federação Portuguesa de Futebol copiava o treinador do FC Porto e também emitia um comunicado proibindo o uso de jóias em campo.

    McCarthy tem que falar com os pés e não com a boca, marcar 20 golos e, então, para o ano o Arsenal ou o Manchester United virão contratá-lo
    Co Adriaanse

    Para além do cigano, Benni McCatrhy também foi dos que suportou a «ditadura» do treinador por várias ocasiões. A mais mediática aconteceu num dos treinos de setembro de 2005. Depois de o ter afastado do grupo e novamente reintegrado, Co Adriaanse disse-lhe das boas diante de Pinto da Costa, dos outos jogadores e dos jornalistas: A próxima vez que não fizeres o que te digo, estás fora. É a última vez que te aviso. O sul africano acabaria por sair rumo a Inglaterra.

    Diego também foi encostado por Co Adriaanse e mais tarde acabaria por pedir para sair. Mas no caso do brasileiro as culpas são divididas entre o treinador, que nunca contou com ele, e o pai do jogador, um tipo que pensava que éra dono do filho e que podia mandar na Sad do FC Porto. Estava muito enganado.
    Quem não respeita as regras e a disciplina, não vem, nem fica. Não interessa ser só bom joga­dor. No passado, os jogadores estavam sem­pre bem porque, se corresse mal, o treinador é que ia embora.
    Pinto da Costa

    Voltando a Co Adriaanse, o treinador não éra apenas disciplinador, também éra cruel e muitas vezes tratava os jogadores como crianças. Como uma história que terá acontecido um ano antes dele chegar a Portugal e que o jornal O Jogo revelou:
    Os episódios da disciplina férrea de Adriaanse têm sido um dos pontos mais comentados do estágio portista. No AZ Alkmaar existem também histórias dessa natureza que ninguém esquece. Uma delas ocorreu precisamente há um ano, quando Co Adriaanse arrancava para a época de sucesso do clube holandês. Berry Van Galen, um dos jogadores mais experientes do plantel, não fez como era suposto um dos exercícios desenhados pelo técnico e este não foi de modas: mandou-o correr durante cerca de uma hora e meia e ainda se certificou de que havia plateia. Os outros jogadores foram convidados a assistir ao esforço das janelas dos quartos, de onde se via o relvado onde, presume-se, Van Galen insultava Adriaanse em voz bem baixinha.

    Muitas vezes, Adriaanse também entrava em guerras que podiam ser evitadas se ele não fosse tão teimoso. Como quando teimou que tinha de ter o lateral direito Komkramp a todo o custo. O problema é que o internacional holandês éra muito caro para os cofres do clube e a Sad não o podia contratar. Até porque o treinador decidiu fazer pressão diante da imprensa durante semanas. Não é assim que se trabalha no FC Porto e ele devia saber. Conclusão: Como não escondia a vontade de ter Komkramp fez subir ainda mais o já elevado preço do jogador e o negócio acabou por ficar impossível.

    Sou treinador há 21 anos e jogo em 4x3x3 há 20
    Foi desta maneira que Co Adriaanse se apresentou quando chegou ao FC Porto mas não foi isso que vimos.

    Portugal vai ter futebol espectáculo na próxima época. Pelo menos com Adriaanse é garantido. É um treinador que gosta de impor o seu estilo de futebol, que privilegia o ataque
    Van Gaal

    Quem não gosta de ver equipas que praticam um futebol espectáculo como o Barcelona, o Manchester ou o FC Porto de Jesualdo Ferreira? Mas o futebol de Co Adriaanse éra espectacular e suicida ao mesmo tempo. E isso pode fazer mal ao coração dos adeptos. Como naquela noite milionária em que o FC Porto perdeu com o Artmedia por 2-3 depois de estar a vencer por 2-0, com uma arbitragem de um nosso conhecido, o árbitro suiço Massimo Bussacca, o mesmo que esta época esteve no Dragão no jogo com o Manchester United.
    Sou responsável por tudo o que aconteceu. Fui eu que preparei o jogo, fiz a equipa e montei a táctica. Estou envergonhado. Por isso, peço desculpa aos adeptos, porque convidei-os a virem ao estádio ver o jogo e não para perder. É uma grande decepção, ainda por cima no aniversário do clube

    Na Liga portuguesa, com uma média de quase 20 remates por encontro, o Porto de Adriaanse atacava mais do que os Portos de Mourinho. Foi campeão mas teve momentos complicados:
    Tenho 58 anos e não vou mudar. Os adeptos terão de esperar. Se não gostam é porque o FC Porto se enganou ao contratar-me. Se começarem a assobiar e acenar lenços brancos vou-me embora e tragam outro treinador que jogue de uma forma mais segura, mais defensiva. Há muitos a ganharem jogos assim. Por isso é fácil encontrar algum.
    No jogo seguinte viu milhares de lenços brancos mas continuou.

    Um dos jogos que mais tinta dos jornais gastou foi o da derrota na Amadora. Pela derrota em si, sempre agradável para os jornalistas que nos detestam, mas também pelo afastamento de Vítor Baía.
    Ninguém gosta de perder, mas Co Adriaanse parece ter um verdadeiro problema com as derrotas. Uma vez, enquanto treinador do Willem II mandou os jogadores para casa a pé, reza a lenda que percorrendo uma distância de trinta quilómetros, por terem perdido um jogo particular, e isso depois de terem ganho treze jogos oficiais consecutivos. Desta vez não foi tão radical. Até porque ir da Amadora ao Porto a pé era coisa para levar alguns dias.
    Carlos Gouveia n'O Jogo

    O afastamento de um simbolo do clube não agradou aos adeptos, eu incluído. Até porque todos sabiamos que não tinha sido o único culpado pela derrota. Mas penso que o campeonato terá sido ganho a partir dessa altura. Não porque Helton fosse melhor que o melhor guarda-redes português de todos os tempos mas porque o afastamento terá servido para unir o balneário em torno do seu capitão. Como aliás se via quando os jogadores marcavam um golo e corriam em direcção ao banco para os festejarem com um abraço a Vítor Baía.

    Como acontece em todas as épocas, o sistema de quem faz a coisa por outro lado, esteve sempre contra o FC Porto. O jogo contra a Naval, para a taça de Oeiras, seria o que dava mais vontade de rir se não tivesse sido bastante grave pelo roubo a que fomos sujeitos. Mas também porque Adriaanse foi suspenso por 15 dias depois de Bruno Paixão, um dos três metralhas de Setúbal, ter escrito no relatório que o treinador portista protestou uma decisão a dois minutos do fim do tempo regulamentar. É falta, terá dito, em inglês. E por isso foi expulso. Enfim, se o senhor Bruno Paixão fosse uma pessoa honesta (a gente sabe que não é), imaginem quantas vezes já teria expulso outros treinadores depois desse jogo. É que estamos em Portugal, um país onde em todos os encontros se dizem coisas muito piores do que um inofensivo "é falta".

    E por isso Co Adriaanse ficou de fora no próximo encontro diante da mesma Naval, desta vez em jogo a contar para o campeonato, e no jogo seguinte, em Vila do Conde frente ao Rio Ave. E tudo porque duas reuniões do Conselho de Disciplina não chegaram para os juízes decidirem o que estava à vista de todos.

    Já disse que o jogo com a Naval, para a taça de Oeiras, dava vontade de rir. Pelo que já escrevi mas também porque este afastamento do treinador portista fez a equipa empatar em Vila do Conde.

    Se Co Adriaanse fosse treinador do Benfica a furia dos adeptos estaria virada contra o árbitro mas no Dragão os adeptos preferem os carros dos treinadores. Se possível com eles lá dentro.
    A Administração da F.C. Porto – Futebol, SAD não pactua com actos de intimidação e violência, sobretudo quando se traduzam no desrespeito dos valores que procura difundir entre atletas e adeptos. Por isso, não só censura publicamente a ocorrência, como a repudia com toda a veemência
    Comunicado da Sad do FC Porto

    Uns dias mais tarde, o FC Porto apresentava queixa por violência contra o seu treinador. Mais uma vez, o Presidente ficou ao lado de Co Adriaanse.

    Sou um admirador de Co Adriaanse. Está atrasado no tempo? Provávelmente. O futebol moderno é muito táctico e pouco dado a fantasias e, verdade se diga, as tácticas suicidas do holandês perderiam nove em dez jogos com as super-defensivas das equipas italianas. Mas sempre vi o treinador como uma pessoa boa, honesta e bastante profissional. E por isso não merecia o ataque que sofreu.

    Até porque também fez muitas coisas bonitas como diria Artur Jorge. Foi campeão nacional, venceu a tacinha que eu detesto, não deixou sair Bruno Alves para a Grécia, acreditou em Pepe quando o tribunal do Dragão o assobiava sempre que tocava na bola, fez de Bosingwa o mágnifico lateral direito que é hoje; construíu o meio-campo com Paulo Assunção, Lucho e Raul Meireles e ainda teve tempo para fazer o que José Mourinho não conseguiu, ajudar Ricardo Quaresma a dar o máximo em todos os jogos.

    E por isso fiquei decepcionado no dia em que ele abandonou o FC Porto. Porque não esperava que a poucos dias do começo do campeonato pudesse ter aquela atitude. Nunca lhe explicaram que é no clube que faz as coisas por outro lado que os contratos não costumam ser cumpridos?

    Estavamos nos primeiros dias de agosto de 2006 e a Sad tinha sido apanhada desprevenida e precisava de actuar muito rapidamente. Foi o que fez.
    Acho que a saída dele apanhou toda a gente de surpresa, sem excepções. Tinha ido ao estágio, no dia do seu aniversário, para o poder festejar com ele. Confraternizamos amigavelmente e tudo se estava a processar normalmente, nada fazendo prever que isto pudesse suceder. A verdade é que fomos surpreendidos com esse facto e houve que encará-lo. O treinador abandonou o trabalho, considerou-se afastado e temos o problema para resolução na FIFA, o que me parece ser a única via possível. Se quando um clube não cumpre o contrato com o seu treinador até ao final tem que lhe pagar, é óbvio que, quando um treinador, sem qualquer justificação, sem falar com ninguém, sai porta fora e abandona a equipa no estágio em vésperas de um jogo importante como era o que tinhamos em Inglaterra, é óbvio, dizia, que também temos que ser ressarcidos por isso. Até porque o seu abandono levou a que, para garantirmos a contratação de Jesualdo Ferreira, tivessemos que pagar uma indemnização ao Boavista.
    Pinto da Costa

    Ano e meio depois do abandono de Co Adriaanse, o TAS dava razão ao FC Porto e obrigava o treinador holandês e o seu adjunto, Jan Olde Riekerink, a indemnizarem o clube em 1,15 milhões de euros e 146 250 euros repectivamente. Algo inédito no mundo do futebol, já que nunca antes um técnico tinha sido condenado a recompensar um clube após ter rescindido sem justa causa.

    O clube e o treinador holandês estavam definitivamente separados numa altura em que Jesualdo Ferreira se preparava para conquistar o seu segundo título com a gravata azul e branca que Pinto da Costa lhe ofereceu, o terceiro consecutivo para o FC Porto. Mas essa é outra história. (Continua...)
  • 2 comentários:

    dragao vila pouca disse...

    Eu também gostava do Co, mas ele exagerava e não sabia parar. Contaram-me um episódio que é sintomático: no estágio, ele levou os jogadores de bicicleta pelo bosque em passeio. O Vítor Baía, deixou cair os óculos - disseram-me que era coisa para 300 euros -, quis parar para os apanhar e ele que ia à beira, não autorizou e lá foram os óculos à vida.

    Mas cheguei a ver futebol do melhor, durante determinado período - até ao Artmédia.

    Continua que estás a agradar.

    Um abraço

    Adepto Portista disse...

    O Co era um ditador. Que jamais ponha de novo os pés na cidade do Porto.

    E, por favor, HAJA MEMÓRIA:

    O Co NÃO FEZ NENHUM MEIO CAMPO COM PAULO ASSUNÇÃO COISA NENHUMA. Muito pelo contrário.

    Jogou sempre sem médio defensivo, sempre apupado e assobiado pelos adeptos que CLAMAVAM por um médio defensivo no seu modelo táctico, pois até então o meio campo defensivo do Porto era uma AUTO ESTRADA, porque o ditador do Co Adriaase jogava sem um nº6 no 11!

    Após VÁRIOS DESAIRES, várias humilhações e vexames, lá baixou os cornos e cedeu a meter o Paulo Assunção, que TODOS os adeptos lhe pediam!

    E a partir daí viu que estava ERRADO e NUNCA MAIS O TIROU do 11.

    Com o Quaresma foi MERA SORTE do cigano! Com CO, o Quaresma quase que nem calçava! Ficava sempre no banco, entrava para fazer 5 minutos no fim dos jogos. Quaresma teve foi a SORTE, a FELICIDADE de ter entrado num dado jogo que estava 0-0, em casa, e mesmo no fim do jogo fez um golo do outro mundo de trivela, da quina da área do lado direito, e logo a seguir o Porto marcou mais 2 golos e chegou a vencer o jogo por 3-0, quando a 2 minutos do fim estava empatado a zero.

    Não tivesse o Quaresma feito aquele golo, desconfio que cada vez teria MENOS OPORTUNIDADES de calçar sequer, na equipa de Co Adriaanse. O que o SAFOU foi ter marcado aquele golo, senão sabe-se lá de que forma seria escrita a história de Quaresma no Porto!

    EU NÃO ME ESQUEÇO.

    Esse FDP desse CO Adriaanse arrumou com o McCarthy, com o Diego, com o Baía e com o Jorge Costa.

    JAMAIS LHO PERDOAREI.
    Jamais o quero ver na cidade do Porto a passar férias sequer.

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