Pobo do Norte 26.12.2006
O jornal A Bola decidiu fazer uma retrospectiva do ano 2006 e um dos assuntos que abordou foi o da rocambolesca contratação de Moretto por parte do terceiro classificado (curiosamente, era-o na altura e é-o ainda hoje). Passo a transcrever o texto:
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LÍDER DO BENFICA NO ATRIBULADO "RESGATE" DE MORETTO NO BRASIL. DESTA, O FC PORTO PERDEU
Chapada na caça de Vieira
DIA 1. Estava o Benfica a tratar de contratar Moretto quando o FC Porto se intromete. À cautela o clube da Luz envia um emissário ao Brasil, onde o guardião brasileiro do V. Setúbal passava férias de Natal, para evitar eventuais desvios.
Vítor Serpa, director de A BOLA, escreve um editorial providente: "Moretto tem feito uma excelente época, mas não é Yashine. Porém, a luta pela sua posse e pelo se passe já atingiu, mais nos bastidores do que no palco, uma intensidade brutal."
Mas no último dia do ano, perto da meia-noite, Luís Filipe Vieira voa a té São Paulo para ir buscar o alto guarda-redes (1,94m) e ganhar a guerra aos portistas, indiferente ao facto de privar a família da sua companhia na noite de fimd e ano, sujeitando-se a empurrões e agressões verbais alegadamente de uma pessoa ao serviço dos dragões que queria impedir o embarque de Moretto e do presidente do Benfica para Lisboa.
Já na Portela, um tal de Vítor Dinis, o homem que se travara de razões com Vieira no Brasil e estaria a desaconselhar o amigo Moretto - "ai de ti que assines pelo Benfica! Nunca mais vais ter descanso!", terá dito -, leva uma violenta palmada de mão aberta em frente à câmaras. Vítor Dinis, que supostamente estaria instruído de fazer tudo para que o guarda-redes fosse para as Antas, acabaria só por sair do aeroporto da Portela sob escolta policial. "Intensidade brutal" - bem dissera Vítor Serpa... que ainda previu que não estávamos na presença de nenhum Yashin com, mais tarde, viria a provar-se. PAULO JORGE NEVES
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Este texto é a todos os títulos inqualificável. E nem sequer tem a ver com servilismo a que tresanda, coisa a que já nos habituámos neste tipo de comunicação social vermelha e sulista. O mais lamentável disto tudo é quererem tomar-nos por parvos, passado quase um ano, como se o FC Porto tivesse perdido uma suposta guerra, como se o FC Porto tivesse sido (mais uma vez) o malfeitor, como se o Benfica passasse incólume perante os factos graves que aconteceram.
Em primeiro lugar, parte-se do princípio, falso, de que o FC Porto "se intromete" na contratação de Moretto. Esta notícia do MaisFutebol deita por terra essa ideia. É o próprio Moretto que, mais tarde, irá dizer que tinha um pré-acordo com o FC Porto, mas que depois preferiu ir para o Benfica (lá tinha a titularidade garantida, enquanto que no FC Porto seria terceiro GR, depois de Baía e Helton, por isso o rapaz nem pensou mal).
Já agora, quanto ao editorial "providente" de Vítor Serpa, o que o jovem jornalista queria dizer era "previdente", que prevê, e não "providente", aquele que toma providências, que fornece ou que abastece. Mas passemos ao lado destes erros de português tão típicos de jovens e sôfregos jornalistas sempre prontos a agradar ao dono.
O texto prossegue com a já mais que vista e gasta heroificação de Luis Filipe Vieira. Vejam só: o homem sacrificou a sua presença junto da família, em dia de passagem de ano, para levar uns "empurrões e agressões verbais" e trazer um GR alto (o pormenor da altura é tanto desnecessário quanto ridículo). Coitadinho. E isto tudo pela causa mais nobre que pode mover um benfiquista: "ganhar a guerra aos portistas".
O que se segue é o mais grave. O jovem e sôfrego jornalista, que antes não se coibiu de ligar o nome do FC Porto a tudo quanto de mau aconteceu ao negócio do Benfica, não é capaz de chamar os bois pelos nomes e, cobardemente, apenas refere que Vítor Dinis levou "uma violenta palmada de mão aberta em frente às câmaras". Não há referência ao autor, ao grupo em que ele estava incluído, à sua relação e grau de parentesco com o Director-Geral do Benfica, ou à presença do assessor do Benfica, Carlos Colaço, no local, também ele participando nos insultos com que a vítima foi brindada. Nada. Nada disto existiu. Apenas uma "palmada" vinda sabe-se lá de onde. O jovem e sôfrego jornalista deve ter tido um ataque de amnésia ou então pensa que o acto foi obra do Menino Jesus que, naquele dia, decidiu fazer justiça pelas próprias mãos. Porque, como todos sabemos, o Menino Jesus deve ser benfiquista.
A Bola tem jornalistas subservientes ao Benfica. A Bola é um jornal subserviente ao Benfica. Os exemplos têm sido mais que muitos ao longo dos anos. Este é só mais um. E é mais um que não pode passar sem a devida resposta. Quanto ao resto, o Moretto fez muito bem em ir para o Benfica.
2 comentários:
O que significa a marca Porto
A incrível capacidade de vender caro
Por Luís Sobral
O F. C. Porto acaba de vender um central de 28 anos, com escassa história no clube, João Paulo, por uma verba próxima do milhão e meio de euros. É isso que o Le Mans vai pagar, segundo a imprensa francesa.
A facilidade com que o F.C. Porto se mexe no mercado internacional tem, do meu ponto de vista, três razões fundamentais.
1. Manutenção de uma estrutura estável ao longo de anos, enquanto os rivais mudaram (no Benfica saiu José Veiga entrou Rui Costa; no Sporting a saída de Carlos Freitas valeu a «promoção» a Pedro Barbosa). No F.C. Porto é Antero Henrique o eixo de todos os contactos, uma pessoa discreta mas que está há muitos anos no futebol, em diferentes funções, ao mais alto nível.
2. A presença constante do clube na Liga dos Campeões, o que permite intensificar contactos e expor jogadores.
3. O sucesso dos futebolistas que saíram do Dragão nos anos mais recentes (Ricardo Carvalho, Paulo Ferreira, Deco, Bosingwa, Anderson, Paulo Assunção; Quaresma é a excepção). E até de um treinador, José Mourinho.
A marca F.C. Porto representa qualidade. E todos nós, consumidores, sabemos a importância de confiar quando adquirimos um produto ou um serviço.
Na Europa do futebol, quem tem dinheiro para gastar olha para o F.C. Porto como um vendedor que não engana. Faz-se pagar bem, mas não entrega gato por lebre.
In maisfutebol
Álvaro, A Bola, que sempre foi vermelho vivo desde a sua fundação, nunca foi a pouca vergonha que é agora.
O Vítor Serpa não risca nada e quem manda é a tropa vermelha, dirigida pelo Delgado que defende o jornalismo à espanhola - Marca e AS pelos clubes de Madrid e contra o Barcelona. Sport e M.Desportivo, no sentido contrário -, mas isso deitaria por terra aquela teoria que eles apregoaram até à exaustão: o Porto e P.da Costa, querem dividir o país e passam a vida a fazer a guerra norte/sul.
Um abraço
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