Sobescuta

O meu telemóvel também faz "barulhos esquisitos", gorgoleja, gargareja, borborigma como se tivesse digestões difíceis (algumas das minhas conversas não serão, se calhar, digestivas). Estarei também eu sob escuta? Deverei fazer queixa ao procurador-geral da República? E como? Por telefone? Mas se, pelos vistos, o telefone do procurador-geral também gorgoleja… No meio de tanta incerteza, o que mais me aflige é a incompetência anacrónica de quem, seja lá quem for, faz escutas, que parece estar na Idade da Pedra tecnológica, sentado diante de um PBX a meter e tirar cavilhas. Não me admiraria se, um dia, as minhas chamadas para a pizzaria ou a lavandaria fossem interrompidas pelo telefonista do SIS, da PJ ou de outra sigla qualquer "Troncas, troncas… Três minutos. Vossas Excelências desejam continuar?" Foi por isso que recebi com alvoroço a notícia dos 5 milhões de euros do PIDDAC anunciados ontem pelo ministro Alberto Costa para "renovação tecnológica da Polícia Judiciária". Se formos escutados, temos direito a ser bem escutados, sem interferências nem "barulhos esquisitos". O mais desagradável para alguém que está sob escuta é, no meio de uma conversa, o telefone deixar escapar um ruído comprometedor e o nosso interlocutor julgar que fomos nós.
JN

Uma boa ideia para a TVI

Imaginem estes três juntos: O macaco em representação dos Super Dragões, o Mário Machado, chefe neonazi que está na cadeia, como representante do Grupo 1143 ligado ao Sporting, ou aquele gorila da claque benfiquista "No Name Boys" que foi detido em Albufeira, após ter ferido dois militares da GNR com golpes de navalha, algumas horas depois do famoso jogo em que o Hélio Santos apitou com as chuteiras emprestadas pelos lamps. Agora imaginem que a estes três, alguém juntava um representante de cada claque de todos os clubes da Liga Bwin e os fechava, durante algumas semanas, numa casa que teria de ficar fora de Lisboa para que a PSP não proibisse o macaco de entrar...como diria um amigo meu, seria fogo!

E portanto é isso que um programa de televisão na Argentina vai fazer. Com uma pequena diferença: Serão 20 dos mais fanáticos adeptos dos clubes da Primeira Divisão argentina.
‘Reality Goal’, assim se chamará o programa, irá servir para que os adeptos enviem uma mensagem contra a violência, promovendo o convivio e a tolerância entre eles. Pelo menos é o que dizem os organizadores, porque, a não ser que os "engavetados" não tenham direito a ver jogos pela televisão, a ler os jornais, ou a discutir sobre futebol, tenho algumas dúvidas que isso seja possivel. E mesmo assim...