Querem assobiar? Virem-se para o brasileiro.

Em Leiria, não devem gostar de futebol, porque se gostassem, a União local não teria nos seus jogos caseiros, cerca de 1000 adeptos em média, uma ninharia para um concelho com mais de cem mil habitantes. E embora os jogadores de Scolari tenham tido direito a casa quase cheia, será que os adeptos que se deslocaram ao estádio ficaram satisfeitos com o jogo? E os jogadores, ficaram satisfeitos com os adeptos? Como todos sabemos, ambas as respostas são negativas, o que nos leva à terceira pergunta: De quem foi a culpa?

Por motivos profissionais, apenas pude acompanhar o jogo a partir dos vinte e poucos minutos, e por isso não sei se, pelo que tinha feito antes a equipa de Scolari estava a merecer os assobios que já se ouviam. Acreditando que sim, que a má exibição inicial fez com que os adeptos tivessem perdido a calma, está na hora da quarta pergunta: O que é que a equipa ganhou com os assobios? Rigorosamente, nada. Como, aliás, seria de esperar, já que não é por um jogador receber um coro de assobios que vai jogar melhor, mas como disse o Cristiano Ronaldo, este é um problema tipicamente português. Até porque se a equipa foi assobiada, o seleccionador viu o jogo na maior das calmas como se aquilo não fosse nada com ele. E no fim ainda foi aplaudido pelos adeptos. Incrivel!

Falta um ponto para a qualificação e um jogo que, azar do caralho, será na Invicta, no estádio do FC Porto. Uma cidade e um clube que Scolari atacou desde o primeiro dia em que chegou a Portugal e que agora se prepara para o receber de braços abertos. Será?

"Sou provavelmente protagonista de um dos maiores enigmas do futebol português. (...) Infelizmente, nunca nenhum responsável me deu qualquer justificação para o meu afastamento, nem publicamente nem em privado. Na minha opinião é uma tremenda injustiça. Pelo meu presente, e não estou a invocar o meu passado na Selecção, merecia estar, pelo menos, no grupo do que lutam pela baliza de Portugal".

Em 2004, Vítor Baía foi Campeão Europeu e eleito o melhor guarda-redes da Europa pela Uefa. Não do FC Porto, nem de Portugal, mas da Europa. Um gigante das balizas que qualquer seleccionador honesto nunca meteria numa prateleira. Scolari meteu e nunca mais de lá o tirou. Mais, para além de não ter dado nenhuma explicação, o brasileiro deixou que a imprensa recordista da mentira inventasse mil e uma desculpas, sempre em prejuízo do atleta do FC Porto. Então aquela chamada do Bruno Vale...



Os problemas no balneário estavam na moda e éram anunciados com regularidade. Outro azar, cada abraço que os jogadores davam ao Baía depois de cada golo, éra acima de tudo, uma bofetada em Scolari e nos recordistas da mentira. Aliás, o que essa imprensa nunca disse nem escreveu, é que o problema estava à vista de todos: O facto de pertencer ao FC Porto. Quaresma que o diga.

"O Porto fica muito longe de Lisboa" ou "É de Lisboa. Graças a Deus!", foram duas de muitas frases que Scolari usou para atacar a cidade e as suas gentes.

Como comecei por escrever neste post, estou 100% contra os assobios à equipa por ter a certeza que a vão prejudicar e o jogo de amanhã não é para brincadeiras, mas o mesmo não penso, nem podia pensar, em relação a Scolari. O brasileiro merece ser chamado à atenção por tudo o que fez e disse no passado, e se no Dragão sentisse o que os jogadores sentiram em Leiria, um enorme coro de assobios, sempre que desse um passo, penso que seria o castigo ideal no local ideal. Têm a palavra (neste caso, o apito) os adeptos.

Fernando Santos Neves, reitor da Universidade Lusófona e criador da primeira licenciatura de Ciência Política:
"(A respeito de Scolari) apetece perguntar como Cícero a Catalina: "Até quando continuarás a abusar da nossa paciência?""