Post aberto para Luís Sobral e todos os jornalistas interessados

«Onde estão as soluções para a pouca assistência, a pouca qualidade de jogo, a seriedade com que as coisas são tratadas? Temos 15 horas semanais de programas na TV, além dos jornais, e garanto que 80 por cento das discussões são visões parciais sobre arbitragem. "Como vi, como não vi", é esta a discussão do futebol português. Façam-se as contas ao número de programas que existem, vejam a quantidade de pessoas que ouvem. A discussão não é sobre o essencial. Há uns anos, havia menos [polémica sobre arbitragem], mas era igual.»
Jesualdo Ferreira

Caro Luís Sobral,

Gostei no geral da sua última crónica e espero que Jesualdo Ferreira aceite o convite que lhe fez porque a opinião dele conta para todos nós, portistas e desportistas.

Mas não posso aceitar que o senhor tenha tentado desculpar os programas e as imensas horas semanais em que vocês, jornalistas, apenas discutem a arbitragem, com a ausência dos treinadores desses programas.

Porque o futebol não se resume apenas aos árbitros e aos treinadores, é muito mais que isso. A prova está no programa desportivo que dá todos os domingos de manhã no primeiro canal da televisão francesa. Se ainda não conhece aproveite para ver que vale a pena. Ali sim, discute-se e promove-se o futebol. Com jornalistas, árbitros e treinadores mas também com dirigentes, jogadores, adeptos...e sempre com a intenção de valorisar a industria do futebol.

Em Portugal faz-se exactamente o contrário. Porque, como o FC Porto tem dominado o futebol português nas últimas duas, três décadas, interessa tapar ainda mais com a politica do bota-abaixo e do mal-dizer os olhos já bastante tapados dos adeptos adversários.

E assim os Vieiras e outros que tais vão conseguindo ser reconhecidos quando apenas têm prejudicado o futebol português como o senhor sabe.

Os treinadores de futebol em geral e Jesualdo Ferreira em particular podem ser culpados de muita coisa, até quando não aceitam aparecer nos tais programas onde apenas se fala de arbitragem (eu se visse todas as semanas o meu trabalho ser desvalorizado também não aparecia), mas nunca pelo estado a que chegaram esses programas. Aliás, também não compreendo porque razão continuam a ser "desportivos" quando o conteúdo é apenas de futebol. E do pior.

Também é culpa de Jesualdo?

Já agora, e para dar um exemplo de como os jornalistas têm imensas culpas no cartório, o site Maisfutebol, o seu site senhor Luís Sobral, decidiu saber a opinião dos adeptos em relação à final da Taça. Até aí tudo bem. Há anos que ando a dizer que este assunto deve ser discutido por todos os agentes do futebol para que se mude o que está mal. Mas, senhor Luís Sobral, o problema é que, mais uma vez, o seu site trata este assunto da pior maneira.

Final da Taça deve sair do Jamor?

Devia ser no estrangeiro

Jamais

Sim, se for no Norte

Só pensar nisso é mau

Francamente, acredita que está a dar possibilidade aos adeptos de responderem correctamente? Não precisa dizer, eu sei que a resposta é negativa. Porque também aqui o que lhe interessa é desconversar e não encontrar soluções.

Caro Luís Sobral, a final da taça devia ser em qualquer estádio, de norte a sul, de leste a oeste, desde que tenha condições!. E todos os anos podia mudar de local como acontece com a Liga dos Campeões porque, desde o Euro2004 que Portugal é dos países que tem melhores estádios e alguns raramente recebem grandes eventos.

Não é uma taça de Lisboa nem do norte, é nacional. Por isso o nome "Taça de Portugal".

O estádio de Oeiras éra útil no glorioso regime da outra senhora mas há décadas que não serve para a prática do futebol. Por isso é que já não existem jogos da selecção. Existiram há tempos os treinos do Benfica mas isso é outra história.

Mas tudo bem, a culpa das respostas terem sido mal escolhidas deve ser de Jesualdo Ferreira e de todos os outros treinadores que não aceitam aparecer nos programas desportivos tantas vezes como vocês desejavam. Por isso só me resta desejar-lhe um bom dia e, já agora, uma boa final da Taça de Portugal. Desde que não seja em Oeiras, claro.

Um abraço

Álvaro Pereira