Seja bem-vindo. Hoje é

21/10/06

Porque hoje é sábado...

Sejam maus pais!

Eduquem os vossos filhos
Leia este texto com a família reunida na totalidade (pais e filhos).

O artigo que se segue foi publicado em ocasião da morte “estúpida” de Tarcila Gusmão e Maria Eduarda Dourado, ambas de 16 anos de idade, em Maracaípe – Porto de Galinhas, Brasil. Depois de 13 dias desaparecidas, as suas mães revelaram não conhecer os proprietários da casa onde as filhas tinham ido “curtir” o fim-de-semana. A tragédia abalou a opinião pública e o crime permanece sem resposta.

Mães más

Dr. Carlos Hecktheuer, médico Psiquiatra. Um dia, quando os meus filhos forem crescidos o suficiente para compreender a lógica que motiva os pais e mães, eu hei-de dizer-lhes: Eu amei-os o suficiente para perguntar onde vão, com quem vão e a que horas voltam; Eu amei-os o suficiente para não ficar em silêncio e dizer-lhes que aquele novo amigo não era boa companhia; Eu amei-os o suficiente para os fazer pagar as pastilhas elásticas que tiraram do supermercado ou as revistas do quiosque e obrigá-los a dizer ao dono: “Nos levámos isto ontem e queremos pagar”; Eu amei-os o suficiente para ter ficado em pé junto deles, duas horas, enquanto limpavam o seu quarto, tarefa que eu teria feito em quinze minutos; Eu amei-os o suficiente para os deixar ver, além do amor que eu sentia por eles, o desapontamento e também as lágrimas nos meus olhos; Eu amei-os o suficiente para os deixar assumir a responsabilidade das suas acções, mesmo quando as penalidades eram tão duras que me partiam o coração; Mais do que tudo, amei-os o suficiente para dizer-lhes não, quando me poderiam odiar por isso (houve momentos em que me odiaram). Essas eram as mais difíceis batalhas de todas.

Estou contente, venci... Porque, no final, eles venceram também! E qualquer dia quando os meus netos forem suficientemente crescidos para entender a lógica que motiva pais e mães; quando eles perguntarem se a sua mãe era má, os meus filhos vão dizer-lhes: “Sim, a nossa mãe era má. Era a mãe mais má do mundo...”. As outras crianças comiam doces no café e nós tínhamos que comer cereais, ovos e torradas. As outras crianças bebiam refrigerantes e comiam batatas fritas e gelados ao almoço e nós tínhamos que comer arroz, feijão, carne, legumes e frutas. E ela obrigava-nos a jantar à mesa, bem diferente das outras mães que deixavam os seus filhos comerem a ver televisão. Ela insistia em saber onde nós estávamos a toda hora (pegava no nosso telemóvel e via as nossas mensagens). Era quase uma prisão! A minha mãe tinha que saber quem eram os nossos amigos e o que nós fazíamos com eles. Insistia em que lhe disséssemos com quem íamos sair, mesmo que demorássemos apenas uma hora ou menos. Nós tínhamos vergonha de admitir, mas ela violava as leis do trabalho infantil. Nós tínhamos que levantar a louça de mesa, arrumar as nossas desarrumações, esvaziar o lixo e fazer todo esse tipo de tarefas que achávamos cruéis. Eu acho que ela nem dormia à noite, pensando em coisas para nos mandar fazer. Ela insistia sempre connosco para que lhe disséssemos sempre a verdade. E quando éramos adolescentes, ela conseguia até ler os nossos pensamentos. A nossa vida era mesmo chata! Ela não deixava os nossos amigos tocarem a buzina para que saíssemos, tinham que subir, bater a porta, para ela os conhecer. Enquanto todos podiam voltar tarde da noite com 12 anos, tivemos que esperar até os 16 para chegar um pouco mais tarde, e aquela chata levantava-se para saber se a festa tinha sido boa (só para ver em que condições voltávamos).

Por causa da nossa mãe, perdemos imensas experiências na adolescência: Nenhum de nós esteve envolvido em drogas, roubo, actos de vandalismo, violação de propriedade, nem fomos presos por nenhum crime. FOI TUDO POR CAUSA DELA! Agora que já somos adultos, honestos, educados, estamos a fazer o nosso melhor para sermos “PAIS MAUS” como a minha mãe foi.

EU ACHO QUE ESTE É UM DOS MALES DO NOSSO MUNDO DE HOJE: NÃO TEMOS SUFICIENTES PAIS MAUS NO MUNDO!

Gazeta escolar

2 comentários:

Anónimo disse...

Gracas a deus,tambem os meus pais foram "maus",na altura ficava nas"horas"por ter de fazer raporte(onde,como,com quem)
e ouvir,menino a meia noite em casa,so 1 episodio,1 dia fomos a afurada ao pao quente,outros foram buscar umas garrafitas de americano,festa na rua,claro esquecime das horas,ate o meu pai aparecer com 1 vassoura na mao,nao me acertou o passo,mas a vergonha ja serviu de licao.
mas hoje tambem agradeco aos meus pais de terem sido "maus",e vou tentar ser" mau" com os meus,nao vai ser facil mas vou tentar

Toupeira disse...

Nunca é fácil.
Tenho duas filhas de 17 e 15 anos e sei muito bem o que custa ser um mau pai. ;)

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