Para começar gostaria de dizer, porque é verdade, que o nosso clube não fez uma grande exibição. Rematamos mais que o adversário, tivemos mais ocasiões de golo, mais cantos, livres e quase o dobro do tempo de posse de bola, tudo isso é verdade mas podiamos e deviamos ter feito muito mais.
Sendo assim, a primeira pergunta fica no ar: Jogamos o suficiente para vencer? Sem dúvida que sim. A nossa superioridade não está em causa porque se o nosso adversário teve três ocasiões de golo (um milagre nos jogos do Dragão), nós tivemos muitas mais e dominamos do principio ao fim como nos dizem os números.
Chegou a vez da segunda pergunta: Então porque não vencemos? Porque tivemos azar mas principalmente porque o glorioso Duarte Gomes não deixou.
Há uns anos, Pinto da Costa fartou-se de criticar as nomeações dos árbitros sem resultados práticos. Depois cansou-se e calou-se. Penso que está na altura desse assunto voltar às primeiras páginas dos jornais. Não nos podemos calar quando somos roubados!
Porque se existem árbitros que sempre que são escolhidos pelos capangas de Luís Filipe Viera para arbitrar um jogo do FC Porto me fazem ter medo do resultado final este senhor é um deles. Nos últimos anos existiram outros, é verdade, mas Duarte Gomes e os três metralhas de Setúbal, Bruno Paixão, João Ferreira e Lucílio Baptista, foram (três deles continuam a ser) o maior virus da arbitragem portuguesa. E isso devia ser dito e repetido quantas vezes fosse preciso por quem está à frente da Sad e também pelos paineleiros de serviço. O problema é que a Sad tem outros assuntos tão ou mais importantes para se entreter e Pôncio Monteiro já não anda pelos estúdios da RTP.
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6 comentários:
O árbitro Duarte Gomes terá dado conta, no seu relatório, de toda a confusão ocorrida no final da partida e da qual se destaca uma agressão ao motorista dos árbitros que levou à identificação, por parte da polícia, do assessor de imprensa do FC Porto, Rui Carvalho.
As trocas de palavras azedas entre vários elementos das equipas começaram à entrada do túnel, onde o delegado do Marítimo, Jacinto Vasconcelos, se desentendeu com elementos do “staff” portista perante o delegado da Liga, Manuel Armindo, que se encontrava no local.
A agitação prosseguiu no túnel e, a dada altura, a equipa de arbitragem fez sinal de que seria necessário desimpedir aquele espaço para serem criadas condições de abandonar o relvado.
Segundo fontes do Marítimo, Nuno e Stepanov foram dos jogadores mais exaltados do lado azul e branco.
O episódio mais insólito, porém, verificou-se nos bastidores do Dragão, no corredor onde ficam estacionados os veículos dos árbitros. O motorista designado pela Liga para transportar Duarte Gomes e seus pares, funcionário de uma empresa de aluguer de automóveis, foi instado a abandonar a zona dos balneários, o que fez na companhia de um “steward”.
Todavia, já junto ao veículo, foi agredido pelo assessor de imprensa portista, Rui Carvalho, gerando-se um tumulto que levou a polícia a comparecer no local. Alega o funcionário dos dragões que foi provocado e insultado. A dada altura, até a porta da sala de imprensa foi fechada.
Fucile:«O Benfica é um justo líder. Para já, merece estar na frente.»
'aí está o santo padroeiro dos escuteiros!! tá bem tá bem, leva lá a bicicleta'
Duarte Gomes não deixou?
Na minha opinião, o jogo tem 3 casos polémicos:
a) penalti de Rolando sobre Miguelito - árbitro manda seguir (na minha opinião, mal)
b) penalti por mão de Bruno Alves - árbitro manda seguir (na minha opinião, bem)
c) expulsão de Cardoso por agressão a Rolando - árbitro manda seguir (mal, mas sem direito a livre directo/penalti pois a bola não está em jogo).
Ora, o FCP só se pode queixar de não ter tido um adversário expulso, enquanto que o Marítimo viu-lhe negado pelo menos um penalti.
E o FCP é que foi prejudicado?
"Há meio País a fazer força para que o FC Porto não seja campeão"
Uma mensagem de confiança absoluta. Na conversa que teve com O JOGO, em jeito de introdução a 2008, o treinador bicampeão fala dos jogadores, do campeonato e até da Champions com um optimismo inabalável, talvez até surpreendente, mas coloca o foco sobre a compreensão que entende ainda faltar a respeito do que realmente é o FC Porto neste momento: uma equipa em perpétua formação.
Entre o balanço do ano que acabou e a projecção do ano que começa, Jesualdo Ferreira prefere o futuro, até porque não tem o hábito de "olhar para trás" embora seja aí que normalmente encontra os adversários. E, negando o pessimismo generalizado, o treinador do FC Porto olha com confiança para 2009. É lá que espera terminar a construção da sua equipa, depois de já ter ganho os jogadores que precisava para as fundações. De resto, também é lá que espera festejar a Taça, a Taça da Liga e o seu terceiro campeonato consecutivo, apesar da resistência que sente no ar à ideia de um tetracampeão azul-e-branco. Uma entrevista tranquila e desassombrada, dada no coração do Porto entre dois cafés servidos no bar do renovado Vitalis Park, antigo Campo da Constituição, onde o entusiasmo dos miúdos da formação do FC Porto dão razão ao optimismo de Jesualdo Ferreira no futuro.
Já tem saudades de 2008, ou está ansioso por 2009?
Não tenho por hábito olhar para trás, portanto, o que me interessa agora é olhar com confiança para 2009 que é quando vamos retomar o nosso percurso nas quatro frentes em que estamos envolvidos. Temos consciência de que somos candidatos às quatro provas que existem no nosso calendário: Liga dos Campeões, Liga, Taça da Liga e Taça de Portugal. Somos o único clube em Portugal nessas condições e, portanto, o que está para trás já é passado e aquilo que nos interessa neste momento são os cinco meses de 2009 que nos faltam para terminar uma época que, para já, nos proporcionou a possibilidade de atingirmos um dos nossos objectivos que era chegar aos oitavos-de-final da Liga dos Campeões. De resto, estamos posicionados em todas as competições de maneira a podermos discutir as vitórias finais. Mas foi um trajecto difícil até aqui chegarmos. Pelo menos, aquele que percorremos durante a primeira parte desta nova temporada. De Janeiro até Maio de 2008, em contrapartida, tivemos apenas dois percalços: um foi a derrota justa na final da Taça de Portugal e a saída injusta nos oitavos-de-final da Champions frente ao Schalke 04. De resto, vencer a Liga com 20 pontos de vantagem foi uma demonstração de poderio e de pujança que não deu margem para dúvidas.
Esta temporada, em contrapartida tem sido bem mais complicada, nomeadamente com a necessidade de reconstruir a equipa...
Sim, iniciámos a construção de uma nova equipa com a entrada de vários jogadores que projectam o FC Porto como um clube que tem uma filosofia clara: é um clube formador. E é um clube formador porque tem jogadores nas áreas de projecção e formação, mas também é um clube formador na equipa principal. Termos a humildade de reconhecê-lo é a única forma de podermos evoluir. No mercado actual quem não tiver capacidade para formar e tirar partido dessa formação quer a nível desportivo, quer financeiro, não tem futuro.
Mas não preferia ter a possibilidade de ter jogadores completamente formados?
Não e por vários motivos. Porque nenhum jogador formado teria facilidades para chegar ao FC Porto e jogar de imediato, assumindo a filosofia, o processo e os princípios de jogo do FC Porto. Acho que é mais fácil fornecermos esses dados a jogadores novos, com potencial e com qualidade. Por outro lado, os atletas completamente formados com qualidade e capacidade para se imporem de imediato, esses estão muito para além das capacidades financeiras do FC Porto. Que fique claro, então, que o FC Porto é um clube formador, como demonstra a aproximação do plantel principal à equipa de Sub-19 e a criação por nossa iniciativa da Liga Intercalar. Aliás, atendendo à dimensão do nosso mercado, não vejo muito bem que outra forma o FC Porto tenha de competir com as grandes potências mundiais com as quais se confronta na Liga dos Campeões.
Neste momento, já se percebe uma forma definida no onze e a equipa até já igualou alguns recordes do passado recente. O FC Porto já amadureceu ou está a meio do processo?
Acredito que esta equipa ainda está à procura de uma identidade. Se é verdade que se percebe que já há aqui uma equipa na linha das que a antecederam, também se percebe que está diferente. Não necessariamente para melhor ou para pior, mas está diferente.
Em quê?
É uma equipa que perdeu alguma profundidade ao nível do jogo exterior, perdeu também alguma capacidade para gerir o jogo em relação ao ano anterior, mas em compensação é uma equipa com muito mais potência do que a anterior. É uma equipa que não defende tão bem como a anterior, e não me estou a referir apenas à defesa, mas a toda a equipa. Mas esta equipa não está a defender tão bem como a outra por questões que têm a ver com a adaptação de alguns jogadores e com o enquandramento dos equilíbrios defensivos, que ainda não estão perfeitamente alcançados. É uma equipa que, pela sua potência e capacidade de aceleração do jogo, quando conseguirmos que ela toda o faça em uníssono, acredito que será tão ou mais eficaz do que a equipa do ano passado.
Disse que já há quem tenha medo que o FC Porto ganhe outro título. A quem se referia? Aos adversários ou aos críticos?
É preciso esclarecer isso. Alguém disse que eu endureci o meu discurso e que apontava baterias a quem me criticava. Não é nada disso. Ou eu me calo e não respondo às perguntas que me fazem, ou se responder, tenho de ser sério, não posso estar com meias palavras. E assim, ao fim destes quase três anos de FC Porto, percebo que é mais difícil recolher críticas positivas aqui do que noutros clubes. Também percebo que, aqui, para ter reconhecimento e merecer críticas positivas, temos de ganhar muitas vezes seguidas, demonstrando a nossa capacidade para lá de qualquer dúvida razoável ou, às vezes, nada razoável. Em caso de dúvida, o FC Porto, o seu treinador e os seus jogadores são criticados. Apenas quando a qualidade é demasiado evidente, quando os resultados não deixam margem para dúvidas, apenas nessa altura é que pronto, vá lá, com algum esforço, se reconhece qualidade e mérito a esta equipa. E não me digam que não sei do que falo e que não conheço quem são as pessoas que estão na comunicação social. Somos gente que se conhece.
Sente que a crítica prefere os maus momentos do FC Porto aos bons momentos?
Sem dúvida e vou mais longe: numa determinada altura desta temporada, o facto de o FC Porto estar mal deu muito jeito e serviu para esconder outras coisas. Quando a equipa começou a ficar melhor, começou a ser um pouco mais aborrecida e eu passei a ser um treinador agressivo. Porque quando perco, até sou um tipo simpático.
Sente que há uma pressão especial este ano na corrida pelo título pelo facto de haver só uma vaga para a Liga dos Campeões?
É evidente que anda meio País a fazer força para que o FC Porto não seja campeão. Não sei se é cansaço pelos três títulos do FC Porto, não sei se é por haver só um lugar na Champions, não sei se é porque se fizeram investimentos demasiado ambiciosos ou se é porque algumas pessoas novas têm qualquer coisa para provar, mas sei que há aquilo que posso descrever como uma grande preocupação com a necessidade de alternância democrática no primeiro lugar.
Disse que o FC Porto está em todas as frentes, mas há responsabilidades diferentes em frentes diferentes, não é assim?
Claro que sim. Sabemos exactamente quais os objectivos que devemos atingir em cada uma delas. O campeonato, como sempre, é a nossa meta mais importante. Foi sempre importante sermos campeões nos últimos três anos e isso não mudou...
E o FC Porto é favorito ao título?
É pelo menos tão favorito como os outros e tem um trunfo importante nas mãos: depende apenas de si próprio para o conseguir. Serão as nossas competências a ditar o campeão e isso dá-nos alguma tranquilidade porque confiamos muito no nosso trabalho.
Tinha dito que queria terminar 2008 na frente do campeonato, mas não o conseguiu. Qual é o novo prazo?
Acredito que 24 de Maio, salvo erro. É nessa altura, no final do campeonato, que queremos ser primeiros.
"FC Porto está sempre no mercado"
Quanto ao mercado que está quase a abrir...
Não vou comentar as dezenas de rumores que enchem os jornais todos os dias.
Mas pode, pelo menos, adiantar se alguns desses problemas na equipa de que falou podem ser resolvidos com recurso ao mercado de Inverno?
O mercado está aberto e o FC Porto está no mercado. O FC Porto procura sempre melhorar as suas equipas. O que tem é uma política definida em relação a isso. Todos percebemos que o mercado de Inverno não é um mercado rico. Entendemos que, escolher bem, escolhe-se em Junho e Julho. É nessa altura que se formam as equipas e também não concordo que se possam reforçar muito em Janeiro. Desde que os jogadores chegam até que comecem a render, estamos no final da temporada. É um momento em que se podem queimar mais jogadores do que no início da época. A única vantagem é a possibilidade de proceder a contratações cirúrgicas depois de se perceber onde escasseiam as soluções. Mas, para isso, é preciso que haja um trabalho de observação muito cuidado, que haja matéria-prima para o fazer e que haja capacidade financeira para o fazer. Para fazer coisas que não cumprem estes requisitos, mais vale não fazer e resolver os problemas com os recursos que já temos no plantel.
E também há os problemas das saídas...
Entradas e saídas são questões complementares e são tão importantes umas como as outras. As saídas podem permitir entradas e permitem evitar a perda definitiva de jogadores que, por uma questão ou outra, não puderam dar o melhor de si.
O que significa que jogadores como Stepanov ou Bolatti, que são apontados como possíveis dispensas, não são casos perdidos para o treinador do FC Porto?
Exactamente. Para mim, falhar significa ter oportunidades e não as conseguir agarrar. Não posso dizer que o Stepanov ou o Bolatti falharam ou que não têm capacidade suficiente para jogar no FC Porto porque não tiveram oportunidades suficientes para o demonstrar. Bolatti não falhou. Na última época, o Bolatti não jogou por culpa do Paulo Assunção e este ano, quando entendíamos que o Bolatti poderia jogar, surgiu o Fernando que lhe retirou novamente essa possibilidade. O Stepanov passou por um processo semelhante. Agora, jogadores com as qualidades que ambos têm, precisam é de jogar o que podem fazer com mais frequência noutras equipas. Não são, por isso, jogadores que damos por perdidos.
Há um problema no lado esquerdo da defesa do FC Porto. É assim tão complicado encontrar um bom lateral-esquerdo?
É muito complicado encontrar bons laterais, para a esquerda, mas também para a direita. Basta olhar para a Selecção Nacional para o percebermos. Aliás, olhando de relance para os três grandes, percebe-se a dificuldade que existe para conseguir jogadores ao nível das exigências de um lateral. Ora, para mim, como o nome indica, um defesa-lateral é, antes de mais, um defesa. A sua primeira função é defender bem. A maior parte das pessoas, costuma avaliá-los pela sua capacidade para atacar, mas eu não faço isso. Na minha concepção de jogo ofensivo, é importante que os laterais também consigam ser jogadores com capacidades ofensivas. Ora, defender bem e atacar bem não é fácil para jogador nenhum. Depois há mercados, como o Brasil e a Argentina, que potenciam um determinado tipo de lateral que só sabe atacar. E esses não me servem. É verdade que somos mais sensibilizados por alguém que ataca bem, até porque defender é muito aborrecido, mas a verdade é que há defesas que não gostam de defender e isso não pode ser. Aliás, para uma equipa atingir a maturidade precisa de perceber que só consegue atacar bem defendendo bem. Considerando tudo isto, e considerando a especificidade da função do lateral, que tem de defender e de atacar muito bem, é natural que sejam jogadores muito difíceis de encontrar.
O Benítez preenche algum desses requisitos?
O Benítez ataca bem, tem noções ofensivas boas, mas que não tinha, sob o ponto de vista defensivo, a estruturação táctica que os defesas na Europa têm de ter. E por isso mesmo sentiu dificuldades na adaptação a essas exigências. Como de resto teve também o Fucile, apesar de já ninguém se lembrar disso. Ele também chegou com 21 anos e não conseguiu fazer de imediato aquilo que é capaz de fazer agora. O Bosingwa também não, também ele levou muitos anos para se fixar a lateral e preencher os requisitos da função.
E o Sapunaru pode ser um lateral assim?
O Sapunaru tem condições físicas óptimas, apesar de não ser muito rápido. Não é um jogador de explosão, mas é um jogador de ritmo elevado. Tem ainda algumas dificuldades no posicionamento defensivo e é um jogador que, sob o ponto de vista emocional, se desestabilizou em determinada altura. Mas tem todas as condições para vir a ser um grande lateral. No entanto, o Sapunaru está resguardado, porque tinha de ser protegido. Como outros estão resguardados para poderem escapar às críticas e análises negativas que se fazem permanentemente aos jogadores que entram no FC Porto e não conseguem imediatamente comer a bola.
Edson, tem estado a jogar como lateral-esquerdo na Académica. Há alguma influência do FC Porto nisso, estão criar uma solução à medida numa barriga de aluguer?
Não, de todo. O Edson tem 20 anos, é da mesma geração do Fernando e jogou na selecção brasileira a central. Tem excelentes condições físicas para poder vir a ser um bom jogador no futuro e está na Académica ao serviço do seu treinador para evoluir no espaço que lhe for concedido.
Sem influência do FC Porto?
Absolutamente nenhuma.
"Ainda bem que o Hulk é individualista"
Entre os tais jogadores ganhos, é inevitável falar de Hulk. Há quem diga que o Hulk é quase tanto uma solução como um problema. Sente o mesmo?
Não, para mim é apenas um solução e uma solução óptima. E digo mais: ainda bem que é individualista. Agora, é preciso perceber que há uma diferença entre ser individualista e ser egoísta e o Hulk não é egoísta. Aliás, nenhum jogador do FC Porto é egoísta e isso é uma vantagem grande da nossa equipa. O Hulk veio para o FC Porto porque revelou ter três qualidades importantes: é potente, é corajoso, capaz de assumir o jogo, e finalmente generoso. Chegou cá a chutar de 30 metros de distância, e 30 metros aqui e no Japão são iguais, a bola é igual, a baliza também tem o mesmo tamanho e os metros que ele percorre em xis segundos também são os mesmos. Essas são as condições que ele trazia com ele. Agora, é verdade que tinha sobre o jogo táctico um conceito diferente do nosso e por isso foi necessário integrá-lo, ensiná-lo a ele a jogar para a equipa e à equipa a jogar para ele, mas sem nunca o fazer perder as suas características individuais. Era uma perfeita idiotice pedir ao Hulk para não correr com a bola, para não chutar, para não enfrentar os adversários, para não correr 30 metros com a bola. Seria uma perfeita idiotice pedir-lhe isso, mas também seria uma idiotice não o integrar nos nossos métodos.
O Hulk é uma obra inacabada?
Está muito longe de ser um jogador definitivo e nem sequer é muito fácil prever o que vai ser. Agora, tem todas as condições para se tornar num fenómeno, num verdadeiro fora-de-série. Vamos ver como as coisas vão correr.
E faz sentido desenhar uma equipa à volta do Hulk?
Não, não creio. Nem sequer ele tem características para já para ser um líder. Tem condições fantásticas para que a equipa se aproveite dele e para trazer para a equipa situações novas, capazes de criar desequilíbrios importantes. Mas ainda não é um jogador capaz de liderar uma equipa como o FC Porto. E isto não é menosprezá-lo, é defini-lo como aquilo que é de forma clara.
E, por causa do Hulk, foi difícil convencer o Lisandro a deixar o centro do ataque depois da última temporada?
O Lisandro é um jogador único. Ele fez uma evolução como avançado - e eu prefiro chamar-lhe avançado a chamar-lhe ponta-de-lança - fantástica nos últimos anos. Se as pessoas pudessem comparar o Lisandro de agora com o Lisandro que chegou ao FC Porto perceberiam as diferenças. É um jogador ímpar, que por tudo o que adquiriu em termos de competências técnicas e tácticas, não pode ser referenciado como um simples ponta-de-lança, é um jogador global. Tem condições excelentes para ser um avançado em qualquer posição do ataque e nem sequer é como ponta-de-lança que se torna mais importante. Ele é importante jogando e jogando sempre. Aquilo que espero dele neste momento não é o mesmo que lhe pedi no primeiro ano, em que jogava encostado à ala. Neste momento, com tudo o que aprendeu na última época, ele conhece todas as acções ofensivas naqueles 68 metros de largura por 50 de profundidade que tem o ataque. E é útil em cada um desses metros.
Continuando no ataque, o sector parece fixar-se em três jogadores: Hulk, Lisandro e Rodríguez. Este último foi um dos principais alvos de críticas no início da temporada. Acha que neste momento ele já é tudo o que pode ser no FC Porto?
O Cristian está muito longe do jogador que pode vir a ser. Até porque na própria cabeça dele está algo indefinido o jogador que poderá ser. Há quem diga que ele é forte por fora, há quem diga que ele é mais forte por dentro, há quem diga que ele podia ser um médio interior-esquerdo muito bom. Eu não partilho de nenhuma dessas visões em particular. Acho que tem um potencial enorme, que transmite uma agressividade e uma profundidade ao jogo muito grande, não é um organizador, nem um jogador de passe. É um jogador à procura de identidade que deixa a equipa ainda um pouco na expectativa sobre qual a melhor forma de explorar as suas qualidades. Numa primeira fase começou mais adiantado, agora joga mais atrás. Joga dentro da linha de médios para poder ganhar vantagem nos confrontos individuais, jogando para a frente. Mas continua à procura da sua identidade
Mas acha-o vítima de alguma forma de ansiedade? Parece demasiado ansioso por provar que vale o que custou...
Não me parece. É um jogador em fase de afirmação, insisto. É um excelente batedor de livres, como se viu no Estrela. Nem ele sabia disso e vai começar a percebê-lo agora. Já era forte nas bolas paradas e no jogo aéreo e penso que pode ser mais ainda. É um jogador à procura do seu espaço e ele é que vai dar os indicadores de tudo o que pode ser porque, convém lembrar, só tem 23 anos.
"Sinto-me muito confortável no FC Porto"
A meio do seu terceiro ano como treinador principal do FC Porto, Jesualdo Ferreira ainda não teve muito tempo para pensar numa quarta temporada, que seria inédita na história de um clube cujas ligações com os respectivos treinadores nunca foram para além de três épocas. "Sinto-me muito cómodo aqui e muito confortável naquilo que estou a fazer", garante Jesualdo para quem a prioridade são os objectivos da equipa a mais curto prazo. "A minha atenção e concentração está virada para os jogos que temos em Janeiro e não tenho tempo para pensar em mais nada. Não tenho nenhuma obsessão. Para fazer o trabalho até ao final do ano, estou muito cómodo aqui, porque gosto de estar no FC Porto. O que vem a seguir, não sei", explicou o técnico.
"Queremos a Taça de Portugal"
A Taça de Portugal é uma das prioridades da agenda do FC Porto?
Sim, e com uma importância acrescida pelo importante prémio monetário que envolve agora. Até que enfim, a prova dita rainha do futebol português é tratada com a dignidade que merece e, como é natural, o FC Porto quer ganhar esse título. A Taça da Liga, sem lhe retirar nenhum do prestígio que já atingiu, ainda é uma competição em fase de afirmação. Será a forma como conseguir evoluir que vai determinar a sua importância a prazo, embora seja nosso objectivo também vencer nessa frente.
Voltando à Taça, tem sido um objectivo que tem escapado ao FC Porto por entre os dedos nos últimos anos...
Não só a Taça, as Taças todas, as provas com essas características. Não tenho uma explicação para esse fenómeno. Ou melhor, tenho para a derrota na Taça de Portugal do ano passado. Quando chegámos à final, grande parte da motivação, do espírito colectivo, da capacidade física e da concentração já lá não estava. O Sporting brigou até à última jornada para garantir o segundo lugar, nós fomos campeões a cinco jornadas do fim e isso fez a diferença naquele jogo.
Sem outros grandes na Taça, as responsabilidades são maiores?
As responsabilidades são exactamente as mesmas. Até porque temos pela frente o Leixões. E o Leixões é a grande sensação do campeonato. Foi líder com todo o mérito, foi uma equipa que se conseguiu montar em torno do esforço de um director desportivo experiente como é o Vítor Oliveira e que, com o José Mota, formou uma equipa equilibrada, forte e muito competitiva. Tem uma massa associativa muito especial dentro do panorama do futebol português. E depois conseguiu uma coisa notável que foi ganhar cinco jogos fora consecutivos, uma marca que não está ao alcance de qualquer um. No FC Porto, desde que cá estou, fizemos algumas séries de quatro vitórias fora consecutivas, mas nunca conseguimos a quinta. É uma equipa respeitável, vamos defrontá-los num jogo só e teremos de dar o nosso melhor para podermos pensar em seguir em frente.
Admitindo que não falará de vingança, espera que o mês de Janeiro possa deixar o Leixões mais fraco? Há jogadores do Leixões muito cobiçados...
O Leixões poderá viver aquilo que todas as equipas médias vivem quando atravessam um período de alguma exaltação. Já começou a passar por isso e vai passar ainda mais. Já começou a ser uma equipa mais observada, mais pressionada e a capacidade para lidar com isso será determinante para a equipa. Como acontece em diversas situações da vida, o mais complicado não é atingir o topo, mas conseguir ficar por lá. Será um teste importante para o Leixões, perceber como vai lidar com a pressão do mercado em Janeiro e até que ponto consegue manter a competitividade para lá do início do ano. O certo é que até agora foi um concorrente importante e uma equipa que nos merece o mais profundo respeito.
"Quaresma não é melhor jogador no Inter"
A novela Quaresma complicou-lhe a vida no início da temporada? E acha que ele já se arrependeu de ter ido para Itália?
Se ele se arrependeu, não sei porque nunca mais falei com ele e não li nenhuma declaração dele nesse sentido ou no sentido oposto. Pessoalmente, foi uma situação que nenhum treinador gosta. Ter um jogador nas condições psicológicas em que ele estava, perante a eventualidade de sair ou não sair por questões que não tinham nada a vez com o treinador, mas com o que são as leis do mercado .
E atrasou-lhe de alguma forma a preparação da equipa?
Não, porque, para mim era muito claro: enquanto ele não definisse a sua situação claramente, não era opção e não jogava. Não fazia sentido estar a contar com um jogador e estar à espera de um rendimento que eu sabia que ele não era capaz de dar. Mais do que isso, não iria estar a tapar outros jogadores, limitando-lhes a evolução e a consolidação da própria equipa para gastar energias com um jogador que estava desmotivado e de saída.
Acredita que Itália foi uma boa escolha para ele, mesmo com José Mourinho na equação?
O que foi dito por toda a gente é que ele iria para Itália para ser melhor jogador do que alguma vez tinha sido no FC Porto. Espero que venha a ser, mas até agora parece-me claramente que não é esse o caso. Mas quero desejar-lhe a maior sorte do Mundo até porque não vou esquecer nunca importância vital que teve para a conquista dos meus dois primeiros títulos de campeão no FC Porto.
"Não vou tirar o Lucho só para agradar à crítica"
Lucho está no centro de algumas críticas e tem sido mais discreto do que é habitual. Disse que ele mudou de funções. Quais?
No ano passado o Lucho jogava por trás de uma linha de três avançados e, a dada altura da época, em Novembro, passou a ser um jogador de entrelinha, entre o meio-campo e o ataque. Como é um jogador muito inteligente, que percebe o jogo muito bem e que faz tudo o que lhe pedem - e não conheci muitos jogadores deste nível com essa humildade - ganhou uma série de rotinas que a própria equipa lhe permitiu ter. Ora, este ano, o Lucho nunca teve uma equipa estável e essa intranquilidade da equipa transmitiu-se a ele, sendo acentuada depois pela necessidade de uma reorganização táctica. E ele passou a jogar mais como médio interior, com um futebol muito vertical, mais parecido com o que tinha feito no meu primeiro ano de FC Porto. Uma readaptação que lhe custou e que ainda se ressentiu dos maus momentos da equipa, porque ele é um jogador muito sério, que não gosta de perder e que se fortalece com os bons momentos da equipa e enfraquece com os maus. Admito que com o crescimento da equipa registado nos últimos tempos, ele volte ao seu melhor rendimento.
Há uma crítica recorrente ao facto do professor Jesualdo Ferreira nunca tirar o Lucho de campo...
Não, não o tiro. Ou melhor, não tenho tirado e não vou tirar apenas porque as pessoas acham que o devo fazer ou para agradar a alguém. A responsabilidade é minha e a decisão também tem de ser minha e como sou eu que decido, enquanto eu entender que o Lucho, mesmo com um rendimento menor, é mais importante para a equipa do que outro jogador, vou mantê-lo a ele em campo.
O Helton precisava de parar aqueles três ou quatro jogos para voltar ao seu melhor nível?
Não se tratou disso. Foi um momento menos bom que, infelizmente, coincidiu com um momento menos bom da equipa. Às vezes ficar resguardado algum tempo é bom para todos. E foi bom para o Helton e para a própria equipa. No ano passado, o trajecto da equipa não valorizou muito os jogadores individualmente porque foi tão forte que apagou algumas individualidades. Este ano aconteceu o contrário, e os erros individuais de alguns jogadores tornaram-se mais evidentes especialmente no caso daqueles que no ano anterior tiveram um bom rendimento, como foi o caso do Helton.
"2009 é um excelente ano para ir longe na Champions"
Na hierarquia das competições, qual é o lugar ocupado pela Liga dos Campeões?
Vem logo a seguir ao campeonato na importância que tem para o FC Porto, nomeadamente ao nível do que é o prestígio internacional do clube. Acrescente-se a isso as questões de natureza financeira, que são fundamentais para o clube, e o facto de até para os jogadores ser uma prova importante. Sendo mais curta e muito mediatizada, é uma prova na qual os jogadores apostam muito e onde vão sempre um pouco mais além em termos de entrega.
Atlético de Madrid parece uma equipa desequilibrada, boa do meio-campo para a frente, mas frágil atrás. Concorda com essa análise?
Aquilo que tenho visto do Atlético de Madrid tem sido na perspectiva do adepto de futebol, e por isso mesmo tem sido uma observação pouco meticulosa. A partir de agora, terei oportunidade de observá-los de uma forma mais meticulosa, mas aquilo que me parece é que o Atlético tem uma equipa boa com excelentes jogadores. O Atlético de Madrid é uma grande equipa, apesar de viver um pouco na sombra do Real. Mas tem um grande currículo e uma história riquíssima.
Mas 2009 é um bom ano para o FC Porto ir além dos oitavos-de-final?
É um excelente ano para tentar ir mais longe, sim. Não me parece que a filosofia do Atlético seja a mesma do FC Porto. Eles investiram muito forte na equipa enquanto nós temos uma filosofia de formação, como já referi. Eles jogam muito no campeonato, mas dificilmente o ganharão, pelo que parte da sua aposta para esta temporada passa por uma boa carreira na Liga dos Campeões onde não é certo que possam jogar na próxima época. Mas o FC Porto tem condições para discutir a eliminatória, até porque venceu o seu grupo.
Os oitavos-de-final são uma barreira psicológica ou desportiva?
Creio que o FC Porto só duas vezes conseguiu passar para lá dos oitavos-de-final e numa delas foi campeão europeu. Creio que a frequência com que o FC Porto chega aos oitavos-de-final da Champions integrando o grupo das melhores 16 equipas europeias prova o estofo, o trabalho e a qualidade deste clube. O facto de lhe ser tão difícil ir mais além, prova o enorme fosso que existe entre a capacidade das oito melhores equipas europeias e as restantes onde se integra o FC Porto.
"Equipa? Para já ganhei alguns jogadores"
Houve uma fase da temporada em que o FC Porto foi uma equipa muito criticada. Já houve alguma crítica que o tivesse tirado do sério?
Este ano as críticas foram de facto muitas, foram muito fortes e não pouparam ninguém. Atingiram os jogadores que já cá estavam, os que chegaram de novo e, como é costume, também atingiram o treinador. Quem perceber o que é o FC Porto, e é importante que pelo menos os adeptos do FC Porto percebam isso, porque os críticos têm as suas próprias agendas, mas a família, a nação portista deve perceber o que é o FC Porto e que o FC Porto é isto, é a formação constante. Quando os assobios e a instabilidade se manifestam devem ter uma base pedagógica diferente, porque são jogadores novos que se querem afirmar e que precisam de ambiente para o fazer. O ambiente de exigência competitiva neste clube já é alto, se lhe juntarmos um ambiente hostil social e emocionalmente, não vamos conseguir ter jogadores. E a nação portista precisa de perceber isso.
Mas ainda assim conseguiu ganhar uma equipa...
Ainda não. Para já ganhei alguns jogadores. A equipa estamos a construí-la com esses jogadores, capazes de jogar a qualquer momento.
Entre esses jogadores ganhos, diria que Fernando foi a sua obra-prima?
Não diria isso, mas tenho de sorrir quando recordo o que diziam do Fernando no início da temporada. Aliás, a dada altura, os críticos disseram que levei muito tempo a escolher o trinco, a perceber que o Fernando era o trinco. Curiosamente o Fernando jogou na Luz na segunda jornada do campeonato, num jogo de grande carga emocional. Jogou ele e o Rolando e o Tomás Costa e o Guarín na segunda parte. Foram corajosos eles e fomos corajosos nós, mas é nesses momentos que se ganham e perdem batalhas e nós ganhámos logo aí o Fernando e o Rolando. E o Fernando só falhou a primeira jornada, com o Belenenses, porque estava castigado. É só um detalhe, mas é revelador da leveza com que é feita alguma crítica. E aquilo que é preocupante para mim é a forma como os adeptos do FC Porto ouvem essas críticas e as tomam como suas.
Mas houve outros jogadores ganhos desde o início do ano, para além do Fernando e do Rolando...
Neste momento acho que o FC Porto tem um conjunto de 20 a 22 jogadores que podem entrar a qualquer momento e ser opção em qualquer das quatro competições que vão preencher o nosso calendário.
ojogo.pt
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IMportante e esclarecedora entrevista
Espectáculo este blog
um abraço
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