Elogio ao grande Ferreira Fernandes

Costumam acusar-me de detestar o Benfica e os benfiquistas. Não é verdade. Apenas detesto quem fez do Benfica um clube mafioso, corrupto, e que apenas sabe vencer na secretaria. Estejam eles na direcção, nos jornais, nas televisões, nos fóruns, nos blogs, ou nas bancadas a bater palmas a um milhafre. Porque esses adeptos são mafiosos, pequeninos, nojentos e envergonham Portugal.

Mas existem outros benfiquistas. Os que ainda continuam a pensar que o futebol é apenas um desporto e deve ser vivido com fair-play. Porque apenas somos grandes se soubermos reconhecer a grandeza dos nossos adversários. E esses merecerão sempre o meu respeito, admiração e elogio. É verdade que são cada vez menos, é verdade que, nas televisões e jornais, não podem falar ou escrever o que pensam sobre os dirigentes do Benfica, é verdade que, mesmo em fóruns ou blogs, os que criticam o polvo são acusados de serem portistas ou estarem a mando de Pinto da Costa - o "Novo Benfica!" é um bom exemplo...tudo isso é verdade. Mas esses adeptos existem, estão vivos, são mais do que parecem e continuam a sentir o Benfica como sempre o fizeram. Mesmo que, para eles, algumas vitórias tenham um gosto amargo.

É o caso de Ferreira Fernandes, um jornalista adepto do Benfica, que já sentiu na pele a força do polvo encarnado depois de ter criticado Luís Filipe Vieira em alguns jornais. Não escreve sobre futebol com a mesma assiduidade de outros tempos, nem sequer escreve tudo o que lhe vai na alma mas, ao contrário de muitos (mesmo portistas) que já se venderam, continua a resistir e a ser o adepto e profissional isento que sempre foi. A prova:

Elogio ao grande FC Porto
(Ferreira Fernandes no Diário de Notícias)

O FC Porto não é o melhor clube português no futebol internacional. É o único. É o único que, antes de um jogo contra o Manchester United, podemos esperar que jogue entre iguais. Não esperar de esperança beata - porque, essa, qualquer presidente aldrabão no universo crente que é o futebol pode prometer.

Falo de esperança legítima num clube que vai em mais de duas décadas de carreira como o melhor português e, sobretudo, atingindo aquela constância de qualidade que leva o FC Porto a ser tratado entre os maiores como um dos seus. É necessário que isso seja saudado para além do futebol. Porque, em Portugal, no campeonato dos factos contra a retórica, ganha quase sempre a conversa barata. Ontem, um dos nossos raros campeões de factos (e não de lábia) voltou a cumprir. Quem manda no restante futebol nacional que aprenda com quem foi buscar os, então, desconhecidos Hulk, Fernando e Cissokho... E o que há para aprender é isto: há quem saiba fazer e há quem não. Estes últimos deviam dedicar-se ao curling, desiludiriam menos portugueses.