Não contem comigo para bater no Jesualdo

Sete jogos, sete vitórias, treinador com melhor começo no "reinado" de Pinto da Costa, segundo na história do FC Porto. Que podemos querer mais? Ok, já sei resposta: Bom futebol. E se querem que vos diga, admito que ontem também me fez falta. No entanto, penso que não temos o direito de bater no Jesualdo, porque o treinador do FC Porto nunca pode ser responsabilizado por ter uma equipa que necessita de jogar apenas a 20% para ganhar. Até porque tem feito o que o Presidente lhe pediu quando assinou contrato e, ao contrário de certos clubes, sem precisar das ajudas dos senhores do apito para vencer. Vejam o caso de José Mourinho na época passada. O Chelsea foi pior do que o FC Porto nos dois jogos da Champions e no entanto venceu a eliminatória. Conclusão: Os adeptos ingleses continuaram a aplaudir o Special One, enquanto nós enchemos de criticas o nosso treinador. O último jogo com o Liverpool foi muito parecido. Até nas criticas. De qualquer maneira, entre jogar bem e perder ou jogar mal e vencer, enquanto os pontos nos fizerem falta, penso que todos preferimos a segunda hipótese. Temos de criticar alguém pelo mau espectáculo de ontem? Acho muito bem. Sendo assim, vamo-nos virar para os verdadeiros culpados, os treinadores e jogadores adversários que, todas as semanas, tentam empatar ou perder por poucos, quando jogam contra o FC Porto.

(Agora vamos ter uma paragem de duas semanas. Espero que, desta vez, os jogadores tenham juizo e não se esqueçam que são profissionais pagos a peso de ouro.)

Toma lá serviço público

O Dia Mundial do Animal comemora-se desde 1930 a 4 de Outubro, data da morte de S. Francisco de Assis. Em Portugal, este ano, como em anos anteriores, autarquias, Igreja e numerosas organizações da sociedade civil promoveram, de Norte a Sul do país, iniciativas para assinalar a data e chamar a atenção para a violência e abusos a que continuam a ser sujeitos os animais. Já a RTP celebrou a data com aquilo que grossamente classificou de "grande noite de arte e emoção" a transmissão (toma lá, que é serviço público!) de mais um degradante espectáculo de uma tourada. Foi também no mês de Outubro (em 1978) que a UNESCO aprovou a Declaração Universal dos Direitos do Animal, em cujo preâmbulo se regista o óbvio: que "o respeito dos homens pelos animais está ligado ao respeito dos homens pelo seu semelhante". Nos termos da Declaração da UNESCO, "nenhum animal deve ser submetido a maus-tratos ou a actos cruéis" (artº 3º), nem, por ser incompatível com a sua dignidade, "explorado para divertimento do homem" (artº 10º) e "as cenas de violência de que os animais são vítimas devem de ser interditas no cinema e na televisão (…)" (artº 13º). Só que palavras como "dignidade" ou "respeito" não fazem parte do vocabulário da actual Direcção de Programas da RTP.
JN