João Querido Manha: O corrupto certo para o lugar certo

Desde que chegou pela primeira vez às bancas, o jornal Record nunca foi um exemplo de isenção jornalística, antes pelo contrário. O que se compreende por ter crescido numa época em que a democracia existia apenas na cabeça dos fascistas.

Salazar gostava de Lisboa e dos clubes da capital do império. Lisboa éra Portugal, o resto éra paisagem e quem tivesse opinião contrária calava-se para não ganhar um lugar cativo numa das várias prisões do regime.

Viviam-se gloriosos tempos em que os corruptos jornalistas do regime eram reis e senhores. Poderosos, conseguiram fazer deste Portugal à beira mar plantado, um país onde não dava gosto viver e onde quem não fosse benfiquista ou sportinguista não éra bom chefe de família. Nem tinha direito de antena na televisão e nos jornais do estado.

Depois chegou o 25 de Abril e algo mudou. Mas Portugal é um país de brandos costumes. Ou de cobardes costumes. E por isso a limpeza nunca chegou a ser feita e os jornalistas do regime continuaram a exercer. E a mentir.

Quanto ao jornal Record teve alguns altos e imensos baixos. Chegou mesmo a rastejar na lama durante décadas mas levantou-se e nos últimos anos, com Alexandre Pais, chegou a ser um jornal aceitável. Anti portista como sempre mas aceitável.

O problema é que o Record não pode ser um jornal aceitável durante muito tempo. Não está no ADN dos recordistas da mentira. E por isso a gloriosa Cofina resolveu chamar João Querido Manha para fazer uma limpeza geral e meter novamente o jornal na lama. Um trabalhinho que ele começou bem. É o corrupto certo para o lugar certo.